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Sinais de mudanças [Alta Roda]

Será que os Jogos Olímpicos recém-encerrados se tornarão o fato que começaria a consolidar a virada no pensamento dos consumidores? Afinal, a organização teve falhas, mas o balanço final foi positivo, à exceção do número baixo de medalhas para os atletas brasileiros. Isso apesar do incentivo da torcida e de competir em casa.
Na verdadeira corrida de obstáculos em que se transformou a recuperação de confiança, um dos últimos envolve o fim do processo de impedimento da presidente da República com o desfecho esperado. Mas há quem afirme que entre o comprador se sentir mais seguro para gastar e efetivamente entrar numa loja para comprar um carro novo, ainda vai uma boa distância.
O melhor termômetro para avaliação é a venda diária. O mês fechado depende de dias úteis e de outras sazonalidades. No Rio de Janeiro, segundo maior mercado de veículos leves, os jogos desviaram a atenção de possíveis interessados, porém a média nacional se manteve pouco acima de 8.000 unidades por dia. Até o final do ano, se a média diária chegar a 9.000 unidades, no último trimestre, haverá boa sinalização para 2017.
Sem esquecer de que no próximo ano a base comparativa é baixíssima. Em 2015 e 2016 a queda acumulada terá se aproximado de 50%. Este tombo veio acompanhado de uma menor procura por crédito, que acabou por inflar indiretamente os índices de inadimplência herdados de financiamentos malfeitos no passado. Em outros termos a inadimplência “velha” será substituída aos poucos, na medida em que os contratos antigos chegarem ao fim.
Uma dose de otimismo partiu de Octavio de Barros, economista-chefe do Bradesco, durante o recente seminário Planejamento Automotivo 2017, organizado pela Automotive Business. “Confiança não é torcida. Há fatores que justificam seu aumento no próximo ano. O consumidor, que mesmo com carteira assinada estava se comportando como um desempregado, começa a mudar”, afirmou. Pesquisa do banco, citada por Barros, aponta queda generalizada nos estoques de vários setores da economia brasileira. A produção deve reagir.
A recuperação dependerá de a baixa política diminuir seu grau de interferência nefasta nas decisões econômicas. Propostas de um governo interino só andam quando se torna legitimado. É o que se espera a partir de agora. Espaço para respirar novos ares e implantar reformas econômicas mais do que necessárias, porém sempre adiadas, formam um quadro de possíveis transformações na direção de crescimento sustentável. Alternar tempos de euforia e de depressão já cansou, muito além da conta, todos os brasileiros.
Reduções temporárias de impostos criaram, agora se vê, mais problemas que soluções. No entanto, o setor automobilístico representa 5% do PIB brasileiro e responde por 10% de toda a arrecadação tributária do País nos três níveis de governo. Ainda assim, passa por vilão. Entre as muitas coisas que precisam de reformulação está aí um bom exemplo.
Os executivos da indústria automobilística continuam a apostar na capacidade de reação do mercado, a partir de 2017. Tão mais rápida quanto os sinais de mudanças se transformarem em algo concreto.
RODA VIVA

DESVALORIZAÇÃO cambial, impostos altos e o tempo necessário para homologar o motor V-8 no mercado brasileiro fizeram a Ford adiar a importação em pequena escala do Mustang. Essa coluna estima que só no final de 2017, depois de ser apresentado o primeiro retoque dentro do ciclo normal de meia-vida do produto, estará apto a chegar por aqui.
JAGUAR F-PACE, inédito SUV de porte médio da marca inglesa, oferece três motores: V-6 a gasolina (340 cv e 380 cv) e quatro cilindros diesel (180 cv). Dirigibilidade está entre os pontos fortes e desempenho fora de estrada tem origem Land Rover. Esta também emprestou alguns acabamentos internos, o que não é ideal na faixa de preço de R$ 309.700 a 416.400.
DESEMPENHO do motor turbo de 1,4 L/153 cv (etanol) destaca-se no novo Chevrolet Cruze. Seu torque de até 24,5 kgfm garante respostas imediatas e conforto em uso urbano. Único câmbio é o automático de seis marchas. Conectividade também impressiona, incluindo o serviço OnStar. Sistema desliga-liga o motor, de série, deveria ser anulável pelo motorista.
BMW X4 torna-se o sexto modelo, incluindo o MINI Countryman, produzido nas instalações da fábrica do grupo alemão em Araquari (SC). O crossover tem a mesma estrutura do sedã Série 3 e a marca prevê vender 550 unidades por ano. Ao preço de R$ 299.950 é o veículo de série de maior valor a sair de uma linha de montagem localizada no País. No passado seria impensável.
DISPONÍVEL para Android e IOS, o aplicativo ALD Ecodrive reúne informações e o modo de dirigir do motorista em forma de um jogo. Objetivo é monitorar trajetos diários, propondo um desafio para guiar de modo mais prudente, além de estimular a economia de combustível. Há uma pontuação depois de cada percurso que pode ser comparada com a de outros participantes.
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).


Dilema do preço [Alta Roda]

Situação difícil do mercado garante ao consumidor, mais do que nunca, a decisão de escolher. Entre os sedãs médios-compactos trava-se uma verdadeira batalha para atrair os possíveis (e poucos) compradores. Este ano vem sendo marcado pela renovação em diferentes níveis. Começou com a atualização do Nissan Sentra, seguido pelo inteiramente novo Chevrolet Cruze. Esta semana começam as vendas da décima geração do Honda Civic. A Citroën aproveitou o embalo para lançar o C4 Lounge 2017 apenas com motor turbo de 1.6 L/173 cv (etanol), conforme antecipado pela Coluna.

As atenções concentram-se no constante desafiador ao líder Toyota Corolla. A décima geração do Civic foi muito bem recebida no mercado americano e logo assumiu a primeira posição no segmento. Não teria porque ser diferente aqui, pois o carro ficou maior, mais equipado, com bom espaço para pernas no banco traseiro, porta-malas amplo de 519 litros e estreia versão de topo, Touring, que utiliza o novo motor turbo de 1,5 L/173 cv (apenas gasolina inicialmente e flex quando for nacionalizado daqui a um ano). Além disso, o estilo – fundamental para o brasileiro – é bastante arrojado, mas dentro dos limites. Até as lanternas traseiras superdimensionadas harmonizam-se, sem chegar ao exagero.

Tudo estaria no bom caminho, mas há entraves. A Honda terá que administrar a capacidade da atual única fábrica em Sumaré (SP), onde produz quatro modelos, sem contar o WR-V uma derivação crossover do Fit já na fase final de desenvolvimento. A oferta inicial do Civic será de 3.000 unidades/mês, certamente abaixo do seu potencial. Existe uma nova unidade fabril pronta em Itirapina, a 110 km de Sumaré. Mas só pode entrar em operação ao se esgotar a capacidade em dois turnos de Sumaré e quando for possível fabricar mais 5.000 unidades/mês em Itirapina, mesmo que em turno único. A maioria das marcas japonesas não aprecia trabalhar em três turnos, o que em teoria resolveria a questão.

Este dilema industrial e a decisão de não produzir mais do que se possa vender explicariam a política de preços, tão ousada para cima como o próprio modelo, para segurar a demanda não atendível. O Civic agora começa em R$ 87.900 e vai a R$ 124.900. De início, a versão de entrada (Sport) representará 24% da produção, as intermediárias (EX e EXL) 48%, todas com o atual motor de 2 litros de aspiração natural, e a nova Touring, 28%. Esse não é um mix normal, nem o definitivo, porém reflete a situação de hoje e dos próximos meses.

O carro deixa boas impressões ao guiar. Caixa de direção eletroassistida de relação variável (apenas 2,2 voltas de batente a batente), nova suspensão traseira multibraço e câmera acoplada ao espelho retrovisor direito são destaques. A caixa de câmbio automática CVT tem desempenho melhor com o motor mais potente, quando se podem usar borboletas atrás do volante e as sete marchas virtuais apresentam respostas que beiram alguma esportividade. Assoalho traseiro deixou de ser plano por razões de aerodinâmica e de espaço vertical interno incontornáveis em um projeto moderno. Entrada de fio para telefone inteligente obriga a certo contorcionismo para a idade média dos clientes de sedãs.

RODA VIVA

CONGRESSO da Fenabrave (associação das concessionárias) destacou o clima de possível reação das vendas no último trimestre do ano. Barry Engle, presidente da GM América do Sul, além de projetar crescimento do mercado de 12% em 2017, reconheceu que a indústria se empolgou demais no seu planejamento anterior. É raro um executivo fazer análise tão sincera.
EXPECTATIVA maior do Congresso foi sobre o que pensava o governo federal acerca do plano de renovação de frota, rebatizado de Programa de Sustentabilidade Veicular. Ainda está em análise para possível anúncio no próximo ano. Já se sabe, no entanto, de fortes limitações no orçamento público. Ordem é aguardar e peneirar as sugestões, de fato, viáveis.
DEPOIS de investimento de R$ 46 milhões, a Toyota está apta para desenvolvimentos locais. Em sua fábrica de Diadema (SP) inaugurou esta semana seu 15º centro de pesquisas. Os demais estão no Japão, EUA, Europa, Ásia e Austrália. Nos planos, além de reestilizações e testes de motores, surgirão derivações de produtos específicos para a América Latina.
NOVO MINI Cabrio mostra que nunca convém ficar de fora do restrito mercado de conversíveis. Oferecido apenas na variante Cooper S, o carro é harmonioso, independentemente da capota aberta ou fechada. O recente motor BMW 2-litros/192 cv “empurra” de verdade. Acabamentos e materiais são de primeira qualidade e o preço acompanha: R$ 164.950.

FORD modernizou sua central multimídia com tela capacitiva de 8 pol. na linha 2017 dos Focus hatch e sedã, além de incluir luzes diurnas de LED. Preços ainda não foram anunciados, porém versões intermediárias continuarão com o sistema anterior. Nova central mais rápida e intuitiva inclui Android Auto e Car Play, integrando pacote de itens de segurança e conforto.
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).


Carro básico voltará? [Alta Roda]

A atual crise do mercado brasileiro levou a mudanças no comportamento dos consumidores. Para a maioria dos analistas o grau de exigência dos compradores aumentou e o tempo dos carros básicos (também chamados de “pelados”) terminou. Pode não ser bem assim.
Atualmente quase todos os modelos vendidos ao cliente final (varejo) têm ar-condicionado. Porém, se explica pelo clima do país, as horas passadas em congestionamentos e, em especial, o poder aquisitivo de quem conseguiu manter sua renda nesses tempos de severa retração econômica, nunca vista antes com esse grau de intensidade em dois anos seguidos.
O chamado tíquete médio de venda subiu mais de 20% no acumulado de quase 24 meses consecutivos de mergulho do mercado. A parcela de pessoas que compravam o primeiro carro zero-quilômetro, depois de anos restrita a modelos usados por força de sua menor renda e da falta de boas condições de financiamento, foi reduzida drasticamente desde 2014. Houve forte migração para a parte baixa da pirâmide social.
Esse, aliás, é um ciclo que se repete. Na crise dos anos 1980, por três vezes seguidas o modelo mais vendido no país foi o Chevrolet Monza, um médio-compacto equivalente hoje ao Cruze, Corolla ou Civic. Naquela época os modelos de entrada também sofreram forte retração, mas parte desse resultado se deveu a Fusca e Gol terem convivido por seis anos. Agora, apesar de o mercado continuar dominado por modelos compactos, o Corolla aparece em sexto lugar. Não chega a ser uma surpresa.
Outro fenômeno aliado a variações de poder aquisitivo envolve os modelos de 1 litro de cilindrada. Com o IPI mais baixo desde 1990, os compradores exauridos financeiramente concentraram neles suas preferências, mesmo com potência inadequada para a maioria dos carros da época. Em 2001 representaram nada menos de 70% dos automóveis vendidos e, no ano passado, esse percentual caiu para 34%. Isso ocorreu mesmo com a grande evolução de desempenho e a chegada de motores modernos de três cilindros.
Há, entretanto, o fenômeno de crescimento dos SUVs compactos em que o propulsor de 1 litro de aspiração natural não mostra adequação. Já entre os hatches que oferecem também motores acima de 1 litro, os de menor cilindrada reinam: Uno, 85%; Ka, 84%, Palio, 80%, Gol, 67%, HB20, 65%, Sandero, 65% e Onix, 61%. Esses compradores preferem adquirir um carro com mais itens de conforto a um preço menor. Trocam potência por equipamentos.
Quando o mercado retornar ao patamar de quatro milhões de unidades anuais (incluídos veículos leves e pesados), que muitos esperam só ocorrer em 2022 ou 2023, podem voltar aqueles que perderam a oportunidade de sair de um modelo usado para um novo. Economia estabilizada e em crescimento autossustentável, baixa inflação, financiamentos a juros menores e empregos seguros formarão o cenário ideal para atrair compradores de carros básicos.
Eles não se importam com rodas de liga leve ou vidros, espelhos e travas elétricos. Talvez abram mão até do ar-condicionado. O sonho do carro zero-quilômetro poderá recuperar uma oportunidade perdida com tantos erros de gestão econômica nos últimos anos.

RODA VIVA


CORREU pelo mundo a notícia de que a Noruega iria banir a comercialização de automóveis com motores de combustão interna a partir de 2025. O governo norueguês acaba de desmentir, informa a agência Reuters. O país continuará a incentivar tecnologias mais limpas até uma substituição natural, sem prazos. Parte de sua grande riqueza vem do petróleo.

PARA atender a legislação de eficiência energética, a GM estendeu ao motor de 1,8 L do sedã Cobalt 2017 as mudanças apresentadas nos 1,0 L e 1,4 L de Onix/Prisma. Câmbio manual também passou de cinco para seis marchas. Além do ganho de 3 cv (agora, 111 cv) e 0,6 kgfm (para 17,7 kgfm), peso diminuiu em 36 kg. Consumo chega a 15,1 km/l com gasolina (estrada). Preços: R$ 62.190 a 68.990.
MONOVOLUME Spin, mais alto e pesado, exigiu alterações adicionais. Motor é o mesmo do Cobalt, mas para melhorar o consumo a GM adotou controle ativo de entrada de ar ao radiador e outros recursos técnicos. Em estrada com gasolina alcança 13,7 km/l e também nota A pelo Inmetro. Preços subiram em média 2% e vão de R$ 57.990 a 71.990.
EMBORA tardio, há agora um projeto de lei no Senado que restringe o uso obrigatório de faróis baixos ou luzes de uso diurno (DRL, sigla em inglês) a vias rurais asfaltadas apenas, excluindo trechos urbanos de rodovias. Por enquanto, as multas urbanas ficam como estão por decisão arbitrária e ilegal do Denatran, que só adicionou ainda mais confusão ao controvertido tema.
CAMPANHA simpática da área de lubrificantes da Shell para destacar o papel do automóvel na sociedade brasileira. O concurso cultural vai até 26 de setembro e os consumidores devem contar histórias pessoais em que carros são protagonistas centrais. Há três exemplos no site www.shell.com.br/helix-retribua. Os filmes, bem produzidos, merecem ser vistos.
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).

Inspeção precisa voltar [Alta Roda]

A proximidade das eleições municipais em todo o País leva os candidatos a prefeito a apresentar suas propostas para ao menos mitigar, entre outros problemas graves, o de poluição atmosférica nos grandes centros urbanos. São Paulo, cidade mais populosa e com maior frota de veículos (cerca de 5,5 milhões, incluídas as motocicletas), conseguiu implantar entre 2008 e 2013 uma polêmica inspeção ambiental veicular (IAV). Houve mais erros do que acertos, porém nada justifica a falta de ação ao longo de quatro anos, além de simples encerramento do programa.
Recentemente, a capital paulista sediou o 13º Encontro de Alto Nível sobre Contaminação Atmosférica e os Desafios das Megacidades, organizado pela Associação Interamericana de Engenharia Sanitária e Ambiental (Aiesa). Ao contrário da Cidade do México e de Santiago do Chile, a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) e seus 39 municípios não dispõem de ações diretas de controle de emissões de oxidantes fotoquímicos (geradores de ozônio ao nível do solo) e de material particulado fino (MP2,5).
Entre as recomendações apresentadas estão o avanço da legislação de emissões em veículos novos e o combate a fraudes de motoristas de caminhões e transportadoras que anulam o sistema de reagente à base de ureia em motores a diesel modernos. Na RMSP o tráfego de veículos pesados é o mais volumoso do País e o problema tende a se agravar pois também a fiscalização em campo deve ser permanente.
Em um cenário ideal, a sugestão da Aiesa é um programa de renovação de frota e inibir a circulação de veículos de alto potencial poluidor. A Cidade do México já estabeleceu restrições a automóveis, ônibus e caminhões de tecnologia antiga, apesar de inspeções ambientais sérias, obrigatórias e regulares existentes há décadas.
Hoje apenas o Estado do Rio de Janeiro continua a fazer vistoria, algo bem superficial, mal controlado e a preço fora de propósito. No fundo frustra quem é obrigado a pagar e desconfia de que o problema não está sendo resolvido. Na capital de São Paulo se tentou fazer algo um pouco mais rigoroso. Começou de forma errada ao atingir carros novos com menos de três anos de uso. Sem incluir os outros municípios da RMSP, dependentes de um acordo político passando pelo governo estadual, a eficácia da IAV fica comprometida. Por isso quem estiver à frente da prefeitura paulistana em 2017 terá de tentar logo uma solução para toda a região.
Há debates sobre IAV paga ou gratuita. Com pagamento se conseguiria algo mais sério do ponto de vista técnico, porém o eventual reembolso teria de vir diretamente dos 50% que cabem aos municípios no IPVA, pois se trata de imposto apenas sobre proprietários de veículos. Sem esta decisão transparente fica difícil defender a gratuidade.
Com exceção de motores a diesel que exigem inspeção anual, os demais veículos leves poderiam ser checados depois de três anos de uso, entre quatro e dez anos verificados bienalmente e acima disso, anualmente, como ocorre em outros países. E o correto seria utilizar rolos dinamométricos sob as rodas motrizes que simulem condições reais de uso, uma técnica consagrada no mundo.
RODA VIVA

TUDO indica que o mercado interno chegou ao fundo do poço, ou seja, não vai piorar mais. Nos sete primeiros meses deste ano o recuo chegou a quase 25% em relação a igual período de 2015. Até o final de 2016, Anfavea confia que os números negativos limitem-se a 19% e reação mesmo, só em 2017. Estoques totais baixaram de 39 para 37 dias em julho.

COMO já se esperava, Onix e Prisma Joy mantiveram as mesmas linhas e ganharam alterações mecânicas já presentes na reformulação dos dois modelos recém-lançados. Passaram a ser versões de entrada, ganharam alguns equipamentos e o preço subiu para R$ 38.990 e 42.990, respectivamente. O primeiro deve representar 20% e o segundo 30% das vendas destes compactos.
ETIOS pegou embalo graças ao novo painel, motores mais potentes e econômicos e opção, pela primeira vez, de câmbio automático. Quem compra, atualmente, modelos novos manteve o poder aquisitivo e a Toyota acredita que a versão de topo, Platinum, encontrará interessados. Fez retoques na parte frontal, incluiu novas rodas e cobra R$ 62.490 (hatch) e 65.990 (sedã).
NISSAN faz uma aposta diferente para carros elétricos com pilha a combustível. Utiliza etanol e um reformador a bordo para gerar hidrogênio e em seguida eletricidade. Dessa forma fica longe de tomadas e baterias de baixa autonomia. Protótipo mostrado no Rio de Janeiro tem alcance de 600 quilômetros e baixíssimo custo/km. Ainda não há previsão de mercado.
BUSCA incessante por economia de combustível levou a GM a admitir, em um seminário técnico nos EUA, que pode desenvolver uma caixa automática, do tipo CVT, para modelos pequenos. Embora nem todos gostem de certa dormência ao não sentir as passagens de marchas, parece que o pragmatismo e as leis de eficiência energética acabaram por prevalecer.
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).


Segmento em expansão [Alta Roda]

Tradicionalmente o mercado brasileiro recebe influência do europeu em particular pela preferência por modelos de menores dimensões. O Brasil, no entanto, seguiu alguns caminhos próprios ao criar dois segmentos. Um deles só existe aqui, até hoje: picapes pequenas com capacidade de carga de até quase 700 kg. A pioneira Fiat 147 surgiu em 1978. Outra “criação” nacional foi o SUV compacto derivado de um hatch convencional, ou seja, com estrutura monobloco. O Ford EcoSport estreou em 2003 e só oito anos depois chegou o rival direto, Renault Duster.

O fenômeno de crescimento dos SUVs de todos os tamanhos se iniciou nos EUA. No ano passado, pela primeira vez, americanos compraram mais utilitários esporte que automóveis. Na Europa, segundo dados da consultoria Jato referentes a 2015, aquele segmento atingiu 22,5% de participação e, também pela primeira vez, ultrapassou os compactos que ficaram com 22%, embora automóveis continuem a dominar o cenário. O crescimento é firme no mundo todo: passou de 20% de participação em 2010 para quase 28% no ano passado. Inclusive na China, maior mercado mundial, os utilitários avançam.
Aqui, pelo menor poder aquisitivo dos compradores (SUVs são mais caros), o processo segue um ritmo próprio, porém acelerado. No primeiro semestre deste ano, por exemplo, a soma de todos os utilitários esporte representou 16% das vendas de modelos de passageiros, enquanto o subsegmento de SUVs compactos foi o único a crescer em relação ao mesmo período de 2015.
Uma das marcas que aumentou suas apostas neste ramo é a Renault. Acaba de apresentar a segunda geração do Koleos, fabricado pela Renault Samsung na Coreia do Sul (de onde será importado sem taxas) e na China. Ele se junta ao Captur (compacto baseado no Clio IV) e ao Kadjar (médio-compacto). No lançamento mundial em Paris não anunciou o preço, pois só estará à venda na Europa no começo de 2017. A fábrica o classifica como SUV médio-grande. Entretanto, curiosamente, indicou como rivais diretos modelos menores como Honda CR-V e Toyota RAV4 (VW Tiguan não foi citado). Ao mesmo tempo elegeu outros alvos, Kia Sorento e Hyundai Santa Fe, que são realmente médios-grandes.
A fórmula de maior espaço a preço competitivo graças a uma simplificação construtiva é bem conhecida. O Koleos agrega a isso um visual bem agradável e espaço para joelhos no banco traseiro de confortáveis 29 cm. Na versão de topo, o acionamento é elétrico para os dois bancos dianteiros e a tampa do porta-malas (movimento do pé por baixo do para-choque libera a abertura).
Vem recheado de equipamentos de assistência eletrônica ao motorista e a tela tátil multimídia de 9 pol. no formato vertical amplia a área de leitura de mapas. O modelo avaliado tinha tração 4×4 sob demanda. Saiu-se bem em trecho fora de estrada graças ao vão livre de 21 cm e a bons ângulos de entrada (19°) e de saída (26°). Na estrada mostrou equilíbrio e boa dirigibilidade. Motor a gasolina 4-cilindros/2,5 L/170 cv, de origem Nissan, é áspero em acelerações fortes.
O Koleos estará no Salão do Automóvel de São Paulo, em novembro. A importação para o Brasil começará no final de 2016. Preço estimado de R$ 170.000, na cotação atual do euro.

RODA VIVA

CARLOS GHOSN, presidente da Renault Nissan, afirmou que o Kwid “não obrigatoriamente será o modelo mais barato do mercado brasileiro”. Empresa se empenha para este subcompacto chegar às lojas no final do ano. Logo em seguida virá o Captur (mesma arquitetura Logan/ Sandero/Duster), SUV pouco maior que o Duster e cerca de 10% mais caro.
GRUPO Volkswagen superou o Grupo Toyota no primeiro semestre do ano no total de vendas mundiais de automóveis e veículos comerciais leves. Diferença foi de 120.00 unidades (5,12 milhões contra 5 milhões). Toyota teve dificuldades de produção por causa de terremotos no Japão. Já a VW sofreu com o escândalo diesel nos EUA. Briga boa até o fim de 2016.
FLEXIBILIDADE em obter mapas de 130 países e traçar rotas mesmo sem conexão de dados são vantagens do aplicativo de mobilidade Here WeGo para telefones inteligentes. Alternativa ao Google Maps no mercado mundial por permitir baixar para o celular mapas de cidade, estado ou país que interessar por meio da rede Wi-Fi. Instalação e desinstalação são livres.
ENTRE as incoerências da nova lei, que obriga a ligar os faróis baixos em rodovias e trechos urbanos cortados por elas, está a falta de previsão para estradas de terra. Neste caso os faróis acesos são bem mais úteis em razão da nuvem de poeira a cada passagem de veículo. Como multar nessas condições fica difícil, os legisladores nem se preocuparam…
EMPRESA de transporte alternativo Uber pode enfrentar mais dificuldades regulatórias. Associação Nacional dos Organismos de Inspeção sugere que os carros particulares sejam vistoriados uma vez por ano por razões de segurança, a exemplo dos táxis. Companhias de seguro, por sua vez, querem cobrar prêmios maiores para motoristas desse serviço.
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).

Mudar, mesmo vencendo [Alta Roda]

Quando a GM decidiu renovar toda sua gama de produtos no Brasil no intervalo de praticamente um ano, em 2012, sabia que quatro anos depois, em 2016, teria que repetir a maratona de lançamentos. Foram seis, em sete meses. Estreiam agora, de uma só vez, Onix e Prisma 2017 com duplo desafio: aperfeiçoar o visual e, ao mesmo tempo, atender as normas obrigatórias de eficiência energética de outubro próximo.
A renovação de estilo do Onix, atual líder de vendas do mercado, apesar de não acentuada, é fácil de reconhecer em razão de mudanças no capô, grade, para-choque e faróis. Um par de lanternas dianteiras no formato de fileira de LEDs pode até ser confundido com um farol DRL verdadeiro. No caso, se trata apenas de “assinatura visual” e, pela nova lei, obrigará o motorista a ligar os faróis baixos convencionais. Caberá às concessionárias explicar aos compradores, para evitar multas.
Quanto ao Prisma, além das mudanças na parte dianteira, recebeu novas lanternas traseiras e um discreto defletor na tampa do porta-malas. Foi uma solução de compromisso, pois sedãs compactos costumam dar mais trabalho aos desenhistas pelo desbalanceamento de volumes entre frente e traseira. Ajudou no equilíbrio de linhas e dinâmico do Onix/Prisma a diminuição de 1 cm na altura total por meio de mudanças nas suspensões. Isso é muito raro de acontecer em modelos produzidos para o país dos quebra-molas ou lombadas. A maioria dos carros fica mais alta aqui do que no exterior.
Porém, como esperado, a marca Chevrolet também embarcou na onda “aventureira” dos hatches compactos e apresentou o Onix Activ. A fórmula é a de sempre: altura de rodagem (3 cm maior, incluindo suspensões e pneus), acabamento diferenciado, barras de teto e mais equipamentos. Esta versão ainda não tem preço anunciado. O Onix começa em R$ 44.890 com motor de 1 litro e vai a R$ 59.790, de 1,4 L; Prisma entre R$ 53.690 e 64.690, de 1,4 L. A empresa ainda não divulgou também o preço do sedã com motor de 1 L. O sistema OnStar oferece mais um pacote de serviços. Há, também, monitoramento de pressão de pneus.
A GM surpreendeu os competidores ao diminuir o consumo de combustível, obrigatório no programa Inovar-Auto, sem lançar nova família de motores. Avaliou o automóvel como um todo. Começou pela fórmula tradicional de pneus verdes e direção eletroassistida. Diminui o peso total do Onix em 32 kg e do Prisma em 34 kg, o que seria, mais ou menos, o ganho de massa se utilizasse um propulsor de três cilindros. Manteve os quatro cilindros e fez vários aperfeiçoamentos internos. Adotou câmbio de seis marchas, tanto manual (agora) quanto automático (já existente e reprogramado para menor consumo), além de ajudar na diminuição de rotações e nível de ruído a bordo.
Os modelos Chevrolet foram os últimos a aderir ao Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV). Neste período a engenharia estudou o ciclo de medição de consumo em laboratório e concluiu que estava apta a atender ao prazo fatal, com nota A no segmento, a preço conveniente. No entanto, não vai “escapar”, adiante, do motor de três cilindros já existente na Europa, quando se anunciar a segunda rodada do PBEV, a partir de 2018.

RODA VIVA

HONDA mudou de estratégia em relação à décima geração do Civic (quinta, no Brasil). Manteve o motor flex de 2 litros em três versões tradicionais. Lança uma quarta versão, Touring, para concorrer com modelos mais caros das marcas alemãs. O motor de 1,5 litro turbo, injeção direta, 175 cv e 22,4 kgfm, inicialmente apenas a gasolina, será flex quando nacionalizado.
PRIMEIRAS unidades chegam ao mercado no final de agosto. O Civic cresceu em dimensões internas e ganhou espaço no banco traseiro. Ficou mais baixo e aerodinâmico sem afetar o conforto dos ocupantes. O motorista tem melhor visibilidade e resposta mais direta da direção. Câmbio automático CVT, de sete marchas virtuais, tem trocas até aceitáveis.
PREÇOS do novo Civic subiram bastante. Começam em R$ 87.900 e vão a R$ 124.900. Provavelmente, a Honda decidiu segurar a demanda inicial via preço até o mercado voltar a crescer e permitir abrir a segunda fábrica, que está pronta. Como a situação pode perdurar mais um ano, o preço ficaria “congelado” e a inflação afetaria os concorrentes.
OUTRO modelo que recebeu impacto da desvalorização cambial e do imposto adicional de importação dos EUA é a nova geração do SUV médio-grande Ford Edge. O preço da versão única alcança R$ 229.900. Tem tração 4×4 e pacote tecnológico que inclui controle de cruzeiro adaptativo, câmara frontal de visão 180° e cintos de segurança infláveis no banco traseiro.
ESTUDOS feitos na Alemanha indicam que uso de cintos de segurança traseiros por crianças pode diminuir em mais de 50% lesões graves e/ou fatais em acidentes. Mesmo que os cintos, projetados para adultos, não sejam adequados para crianças, melhor ter essa proteção mínima do que nenhuma. Certo é seguir a legislação pela idade da criança.
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).



Kicks na hora certa [Alta Roda]

A Nissan precisava mesmo de algo diferenciado para dar impulso às vendas no Brasil e diminuir a ociosidade da fábrica de Resende (RJ), até agora restrita ao March e ao Versa. A aposta nos SUVs compactos (em cincos anos o segmento passou de 2% para 10% do mercado), com o lançamento em 5 de agosto próximo do Kicks, veio com o produto certo, na hora certa. A marca tem pressa. Vai importar do México pelo menos 3.000 unidades/mês e o carro estará disponível primeiro aqui. No início de 2017 começa a produção brasileira.
O estilo marcantemente rebuscado de um verdadeiro crossover atrai, de fato, a atenção. A frente mostra uma grade cromada em V, faróis avantajados e “assinatura estilística” em LED (não é DRL). O desenho do teto em leve inclinação e a solução da coluna traseira lembram o Ranger Rover Evoque, muito bem aceito em todo o mundo. Na tampa traseira uma série de recortes acompanha o contorno das lanternas em forma de bumerangue. Coeficiente de forma aerodinâmica (Cx) de 0,34 está entre os melhores do segmento.
Arquitetura reforçada nos locais certos é a mesma do Versa, mas a distância entre-eixos de 2,61 m (1 cm a mais que o sedã) coincide com a do HR-V. Comprimento igual ao crossover da Honda, largura e altura também muito próximas, não deixam dúvida sobre o adversário-alvo. O interior do Kicks, porém, é mais ousado e moderno. Além da tela multimídia de 7 pol., traz como exclusividade no segmento o quadro de instrumentos totalmente digital com 12 configurações. Na versão de topo SL, única oferecida de início, parte do painel frontal revestida em couro (três cores disponíveis) busca certo refinamento, mas há ainda grandes áreas de plástico duro. O volante ajustável agora não “desaba” mais ao se soltar sua trava.
Entre outros recursos eletrônicos, destaca-se o sistema de visão de 360° por meio de quatro câmeras: traseira, frontal e duas sob os retrovisores externos, sem dispensar o sensor traseiro de obstáculos. O banco traseiro tem ótimo espaço para joelhos e cabeça. Há dois airbags frontais e quatro laterais. Volume do porta-malas, de 432 litros, também é muito bom (apenas 5 litros menos que o do HR-V).
O motor de 1,6 litro da linha March/Versa tem 114 cv (3 cv extras) com etanol ou gasolina e torque de 15,5 kgf.m (0,4 a mais). Taxa de compressão de 10,7:1 poderia ser mais alta. Consumo recebeu nota A do Inmetro: 8,1 km/l na cidade e 9,6 km/l na estrada (etanol); 11,4 km/l e 13,7 km/l, respectivamente, com gasolina. Graças aos 1.142 kg de peso em ordem de marcha, o Kicks se desloca com alguma desenvoltura, mas o desempenho não é um ponto forte.
Seu câmbio CVT apresenta uma característica interessante. Quando o motorista pisa além da metade do curso do acelerador, o sistema simula passagem de marchas de automáticos convencionais. Apesar de trocas virtuais lentas, houve uma evolução em termos de sensações. Os bancos dianteiros oferecem conforto acima da média e o diâmetro de giro, de apenas 10,2 m, facilita as manobras de retorno e de estacionamento. Faz falta o freio de estacionamento eletrônico.
Preço desta versão completa é de R$ 89.990, cerca de 10% mais em conta que o HR-V de topo. A briga promete ser boa.
RODA VIVA

AINDA sem divulgação pela PSA, os motores turbo avançam na linha de médios-compactos. Citroën C4 Lounge, Peugeot 308 e 408, produzidos na Argentina, não são mais importados com motor aspirado de 2 litros. Agora, apenas o 1,6 L turbo THP, mais potente e econômico. Todos de olho na média de consumo de frota do Inovar-Auto, a ser declarada em outubro próximo.
POTENCIAL de confusão ainda maior sobre a obrigatoriedade, incorreta no entender da Coluna, de ligar faróis comuns de dia em rodovias. Alguns modelos novos têm apenas “assinatura” em LED e não faróis DRL que são eficientes e estão “liberados” com a improvisação de sempre. Faróis de xênon, por exemplo, quase não têm utilidade de dia. Legisladores se perderam.

HYUNDAI HB20 de um litro com turbocompressor é um motor flex que, ao utilizar etanol, tem desempenho claramente superior. Uma pena não dispor de injeção direta de combustível, que dispensa assistência de partida com gasolina em dias mais frios. Torque máximo, também por isso um pouco menor, só surge com vigor acima de 2.500 rpm e aí impressiona bem.
PNEUS não param de evoluir, inclusive os de alto desempenho para aros de 17 e 18 pol. como o Pilot Sport 4, da Michelin. Em provas comparativas do instituto alemão TÜV SÜD esse modelo conseguiu distância de frenagem (80 km/h a 20 km/h) até 2 metros inferior em pista molhada e 1 metro menos no seco (100 km/h a 0 km/h) em relação à média de outros desse tipo.
EMBORA limitado às rodovias federais, a segunda edição do Atlas da Acidentalidade no Transporte Brasileiro é um trabalho de alto nível do fabricante de caminhões Volvo (independente da marca homônima de automóveis). Aponta os trechos mais perigosos, causas dos acidentes e os mais letais, além de tipos de veículos envolvidos.
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).


Líderes do semestre [Alta Roda]

As estreias de novos produtos levaram ao aumento da competição nas vendas do primeiro semestre. Onix manteve a liderança absoluta (mesmo sem a ajuda do Prisma). Corolla ampliou sua vantagem, pelo menos enquanto os novos Cruze e Civic não começarem a chegar às lojas no segundo semestre. Briga entre os SUVs compactos continua acirrada, mas o HR-V defendeu bem a posição.
Embora o mercado tenha caído 25% em relação a 2015, na amostragem dessa estatística, alguns segmentos sofreram mais. Crossovers, médios-grandes e stations são exemplos. Já a chegada da Fiat Toro (que carrega até uma tonelada) sacudiu as picapes médias. Além de desafiar a nova líder Hilux, ajudou a manter as vendas do segmento estáveis. Já os SUVs pequenos tiveram aumento explosivo de vendas de 37% em razão de HR-V e Renegade.
Entre os SUVs médios-grandes e grandes houve revisão de enquadramento em razão de novo critério para distâncias entre-eixos (2,80 m é referência de corte, no caso). Os demais segmentos permanecem sem alteração.
A classificação da Coluna soma hatches e sedãs da mesma família, independentemente do nome do modelo. Sedãs com entre-eixos de significativa diferença classificam-se à parte (Grand Siena, Logan, Etios e outros). A base é a do Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores). São citados apenas os modelos mais representativos e pela importância do segmento. Dados compilados por Paulo Garbossa, da consultoria ADK.
Compacto: Onix/Prisma, 18%; HB20 hatch/sedã, 15%; Ka hatch/sedã, 8,3%; Gol/Voyage, 8,2%; Palio/Fire/Siena, 6%; Fox, 5%; Sandero, 4,9%; up!, 3,7%; Uno, 3,4%; Etios hatch, 3%; Grand Siena, 2,8%; Etios sedã, 2,5%; Cobalt, 2%; Logan, 1,8%; Versa, 1,7%; Fiesta hatch/sedã, 1,68%; March, 1,65%; City, 1,55%; Classic, 1,54%; Clio, 1,51%; Mobi, 1,2%; C3/DS3, 1,1%. Dupla Onix/Prisma aumenta participação.
Médio-compacto: Corolla, 40%; Civic, 11%; Golf/Jetta, 9%; Cruze hatch/sedã, 7%; Focus hatch/sedã, 6%; Sentra, 5%; Fluence, 3,2%; A3 hatch/sedã, 3,1%; C4 Lounge, 2,8%. Corolla continua a acelerar.
Médio-grande: BMW Séries 3/4, 27%; Fusion, 26%; Mercedes Classe C, 24%. Líder por muito pouco.
Grande: Mercedes Classe E/CLS, 37%; BMW Série 5/6, 25%; Jaguar XF, 15%. Mercedes volta a liderar.
Topo: Mercedes Classe S, 54%; Chrysler 300C, 15%; BMW Série 7, 11%. Classe S reforça posição.
Esporte: Boxster/Cayman, 26%; 911, 23%; BMW Z4, 17%. Porsches dominam.
Station: Weekend, 61%; SpaceFox, 24%; Golf Variant, 10%. Weekend ainda mais à frente.
SUV compacto: HR-V, 32%; Renegade, 27%; EcoSport, 13%. HR-V defende bem sua posição.
SUV médio-compacto: ix35/Tucson, 44%; Outlander, 10%; Sportage, 7%. Liderança folgada.
SUV médio-grande: SW4, 50%; Pajero Full/Dakar, 14%; XC60, 10%. Sem ameaça ao líder.
SUV grande: Trailblazer, 17%; BMW X5/X6, 15%; Range Rover Sport/Vogue, 14%. Boa briga.
Monovolume pequeno: Fit, 46%; Spin, 34%; C3 Aircross, 12%. Fit não perde.
Crossover: ASX, 54%; Range Rover Evoque, 24%; Freemont/Journey, 19%. Liderança inconteste.
Picape pequena: Strada, 49%; Saveiro, 32%; Oroch, 11%. Strada se eterniza.
Picape média: Hilux, 27%; Toro, 25%; S10, 17%. Líder sob forte ameaça.
RODA VIVA

BALANÇO semestral de 2016 das vendas de automóveis e veículos comerciais leves e pesados, feito pela Anfavea, indica que a queda acentuada começa a amenizar. No conjunto da indústria o recuo chegou a 25% em relação ao mesmo período de 2015. Até o final de 2016 a entidade espera que se limite a 19% menos sobre o ano passado ou 2 milhões de unidades. Estoques baixaram de 41 para 39 dias (junho sobre maio).
COMO parte das comemorações dos 40 anos de inauguração de sua fábrica no Brasil, a Fiat anuncia o projeto Futuro das Cidades. A ideia é aprofundar os estudos sobre economia colaborativa, descobrir problemas que ainda possam vir e pesquisar soluções de mobilidade para as cidades brasileiras. Lançará, brevemente, uma plataforma aberta que aceitará sugestões de qualquer fonte.
TOYOTA decidiu impulsionar no Brasil a Lexus, sua marca de luxo. Aposta inicial é no RX 350, um SUV médio-grande que aproveita a mesma arquitetura do Camry. O estilo é audacioso, principalmente a grade dianteira em formato de carretel. Destacam-se conforto de marcha, sistema 4×4 moderno, acabamento de primeira qualidade e central multimídia de 12,3 pol. Preços: R$ 337.350 a 352.950. A marca acredita que terá mais espaço agora para crescer.
TROCAR o motor seis cilindros aspirado por um de quatro cilindros turbo, mantendo configuração boxer, tornou o Porsche Boxster e sua versão S um roadster ainda mais instigante para guiar. Além de menor peso, houve ganho de potência e torque (versão S, agora, com 350 cv e robustos 42,8 kgfm), melhora no desempenho e diminuição de consumo de combustível. Rodas traseiras têm até 10 pol. de largura. Preços entre R$ 368.000 e 466.000.
CORREÇÃO: motor Ford 1 L EcoBoost é importado de Craiova, na Romênia e não de Cracóvia, na Polônia.
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).

Caminho aberto [Alta Roda]

A combinação de turbocompressor e motor de 1 litro é uma tendência e, tudo indica, vai se expandir. Na realidade, não chega a ser uma novidade pois o Gol, em 2001, tinha uma versão com esse arranjo que desenvolvia 112 cv, mais voltada para desempenho do que economia de combustível. Em julho do ano passado, a Volkswagen lançou o up! de 1-litro, três- cilindros, turbo e injeção direta (etanol/gasolina) para buscar desempenho e, ao mesmo tempo, menor consumo.

Hyundai deu sua resposta em abril último com o HB20. Seu tricilíndrico turbo também é flex e a potência de 105 cv iguala-se à do up!, mas perde em torque. Ao adotar a injeção no duto (na Coreia do Sul a injeção é direta na câmara de combustão), teve de manter a partida auxiliar a gasolina em dias frios.

Solução harmoniosa entre desempenho e consumo acaba de estrear no Fiesta. Motor EcoBoost de três cilindros alcança 125 cv e 17,3 kgfm. Em relação ao motor aspirado de 4 cilindros de 1,6 L (que continua em linha), ao utilizar gasolina, a potência é igual, mas o EcoBoost ganha não apenas 1,5 kgfm de torque. Sua curva de torque máximo começa bem antes, às 1.400 rpm, e continua constante até 4.000 rpm. Na prática, é mais rápido que o seu irmão de maior cilindrada em todas as situações.

Duas características impressionantes são silêncio na marcha-lenta e baixo nível de vibrações. O compacto da Ford supera nesses quesitos os três-cilindros no mercado, embora ao se acelerar a fundo seja fácil de notar a sonoridade típica. A fábrica indica aceleração de 0 a 100 km/h em 9,6 s. Sua desvantagem é ter apenas versão a gasolina. O motor vem da Polônia e a Ford, por ora, não pretende aumentar a oferta para outros modelos.

No consumo de combustível, como esperado, destaca-se em relação ao motor de 1,6 litro. O EcoBoost faz, de acordo com o fabricante, 10,2 km/l em cidade e 15,3 km/l na estrada. O motor só está disponível na nova versão superequipada Titanium Plus. Único câmbio, comum nessa faixa de mercado, é o automatizado de duas embreagens e seis marchas, um pouco mais lento nas trocas do que outros do mesmo tipo.

Um ponto de discussão é o preço. O Fiesta 2017, nesta versão de topo e motor de 1,6 L, custa R$ 70.690. Inclui equipamentos como chave com sensor de presença, bancos de couro, rodas de 16 pol., acendimento automático dos faróis, espelho retrovisor eletrocrômico, sensor de chuva, e ar-condicionado digital.
O EcoBoost vai a R$ 71.990 ou cerca de R$ 1.300 a mais. No entanto, se beneficia de 4 p.p. a menos de IPI, em relação ao 1,6 L flex, por se tratar de motor de 1 litro. Uma parte pequena dessa vantagem tributária se perderia, pois o motor vem do exterior, porém o governo reduziu a taxa de importação, em março último, no caso de “inexistência de capacidade de produção nacional equivalente”.
Assim, mesmo ao considerar aumento de custo de um motor turbo, o preço está dentro dos parâmetros de outros de mesmo nível tecnológico e, em parte, pode ser compensando pela economia de combustível. Estima-se que 10% dos compradores do Fiesta optem pelo EcoBoost.
Motores turbo de 3 cilindros devem aparecer em breve no Golf e, provavelmente, também no Focus. O caminho está aberto.

RODA VIVA


CITROËN Cactus, crossover que utiliza mesma arquitetura do C3, está em fase final de desenvolvimento. A fábrica não confirma, mas pode ser exibido no Salão do Automóvel de São Paulo, em novembro próximo. Modelo nacional será mais “enfeitado” que o francês. Vendas só em 2017. Já o C4 Lounge argentino receberá reestilização e novo interior.

FORTE queda do mercado brasileiro inviabiliza modelos de baixo volume de vendas. No mês passado, estatísticas da Fenabrave apontam Linea, Bravo e Idea com apenas 79, 58 e 165 unidades vendidas, respectivamente. Ou seja, fim de linha para os três. Até o Punto, com apenas 510 unidades comercializadas, não se sustenta, conforme fontes de fornecedores.

TOYOTA investiu no Etios para melhorar seu aspecto interno. Mostrador central agora tem ótima visibilidade e até se diferencia pelo ponteiro do conta-giros deixar uma sombra ao se movimentar. Hatch compacto continua a oferecer motores de 1,3 e 1,5 L que estão mais potentes, têm torque superior e consumo médio de combustível menor.Estreante câmbio automático de quatro marchas vai muito bem, até na versão de menor cilindrada.

ETIOS sedã, apenas com motor de 1,5 L, se destaca pelo porta-malas entre os maiores do segmento. Estilo externo pode não agradar tanto, mas suspensões são um ponto alto. E o pequeno diâmetro de giro facilita muito manobras de retorno e estacionamento.

SEMPRE é bom lembrar-se de ligar o ar-condicionado no modo frio, mesmo em temperaturas baixas de inverno. Esse cuidado evita ressecamento das mangueiras e ajuda na lubrificação do compressor. Causa algum desconforto, mas bastam 10 minutos de funcionamento de quinze em quinze dias. Termostato não precisa estar na posição de menor temperatura.
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).


Acorda Brasil [Alta Roda]

A eficiência energética é tema importante e que veio para ficar. Pode-se considerar até uma conquista e o único aspecto merecedor de apoio incondicional do controvertido programa Inovar-Auto implantado no quinquênio 2013-2017. Sua principal consequência está sendo a modernização e o lançamento de motores novos por quase todos os fabricantes de veículos leves no Brasil.
Ainda causa suspense saber quem vai optar pelo bônus para superar a meta obrigatória na média de todos os veículos produzidos por cada fabricante. A exigência é redução mínima de 12,1% no consumo de combustível em km/l (na realidade, autonomia) ou megajoule/km, unidade que expressa de forma correta as diferenças de poder calorífico entre etanol e gasolina.
Entretanto, há um prêmio de 1% no IPI para os que atingirem 15,5% de incremento na eficiência energética e mais 1% para alcançar 19%, ou seja, a meta-alvo. Em 1º de outubro próximo se conhecerão as marcas habilitadas para tal e esse se trata de segredo estratégico.

Recentemente, em São Paulo, a Associação Brasileira de Engenharia (AEA) organizou o II Simpósio de Eficiência, Emissões e Combustíveis. Ficou ressaltado o sucesso de 30 anos do Proconve (Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores) e a junção bem-sucedida com as metas do programa de eficiência energética, a única parte do Inovar-Auto que merece e deve ter continuidade depois de 2017.
Também recebeu total reconhecimento o Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV), conduzido com alta competência pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia), e a consolidação confiável dos valores de consumo de combustível, emissões de poluentes e de gás carbônico (CO2) numa única tabela. Daí se chegou à nota triplo A no País para automóveis e comerciais leves fabricados aqui ou importados.
Vários outros pontos foram debatidos entre eles as futuras normas de emissões PL7. Está difícil de chegar a um consenso. A Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do governo paulista) chamou atenção sobre a necessidade de apertar o controle de emissão de vapor de combustível durante o abastecimento nos postos e a utilização de parâmetros nacionais. Esses gases são precursores de ozônio ao nível do solo, um problema nas grandes cidades agravado no inverno.
Aditivos para gasolina foi assunto considerado importante quando se analisa em conjunto meio ambiente e eficiência energética. Infelizmente a aditivação básica obrigatória está atrasada por discordâncias entre a Petrobrás e o órgão regulador ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). Deve-se ressaltar que cada distribuidora, se assim optar, continuará a desenvolver e comercializar seu próprio pacote de aditivos, o que significa combustível ainda melhor.
A consultoria AVL destacou a eletrificação de sistemas e tecnologias híbridas. A combinação entre motores a combustão interna e elétrico, que na Europa ganhou muita força depois do atual imbróglio do diesel em automóveis, significará um grande salto em eficiência energética. O Brasil ainda não acordou para essa realidade.
RODA VIVA
NOVELA de livre comércio de veículos entre Brasil e Argentina concluiu mais um capítulo. Agora o acordo se estenderá até 2020 e continua o estranho regime: a cada US$ 1,5 exportado, o Brasil pode importar US$ 1, sem taxas. Pelo tratado do Mercosul, desde o ano 2000 deveria haver livre circulação de produtos. Este é o sexto adiamento e, se espera, o último.

QUARTA geração do Kia Sportage chegou ao mercado com mais espaço interno, estilo bastante atual e até com melhora aerodinâmica (Cx 0,33). Motor continua o 2-L/167 cv (etanol). Oferta será limitada pelas cotas de importação, porém a preço competitivo: R$ 109.990 a 134.990. Há dois bancos elétricos na frente; falta indicador de consumo no computador de bordo.
AUDI A4 teve mudanças estilísticas discretas, mas ao rodar em cidade e estrada é fácil de notar as diferenças. Motor turbo 2-L/190 cv impressiona também pelos 32,6 kgfm de torque e economia de combustível. Interior está mais moderno e comportamento em curvas, exemplar. Avanços em direção semiautônoma ainda dependem de homologação no Brasil.
POUCO mais de três anos atrás, desavisados atribuíam automóveis caros ao “lucro Brasil”, embora os preços tenham caído em termais reais por quase uma década. Hoje o cenário é oposto, segundo dados do Banco Central. As matrizes enviaram, de janeiro a maio deste ano, quase US$ 2 bilhões para cobrir o “prejuízo Brasil”. Há marcas perdendo US$ 1 milhão por dia…
LEITOR Everton Lima, de São Paulo, chama atenção para as seguidas negativas que vem enfrentando para obter carteira de habilitação por ter baixa acuidade visual. Nos EUA as leis de trânsito permitem o uso de lentes de correção acopladas aos óculos, chamadas de telelupa kepler, de acordo com regulamentação específica. Pena o Brasil não aceitar essa possibilidade.
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).


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