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Sectarismo elétrico [Alta Roda]

Está cada vez mais difícil se chegar a um consenso sobre o ritmo em que a frota mundial de veículos terá de mudar de perfil para ajudar a controlar as emissões de efeito estufa responsáveis por mudanças climáticas do planeta. Os principais gases são CO2 emitido por veículos de transporte em terra, mar e ar e o metano de várias origens, sendo a principal a pecuária.

Cálculos mais recentes apontam que o número de veículos elétricos no mundo necessita atingir 220 milhões em 2030 para limitar o aumento de temperatura da Terra abaixo de 2 graus até o final do século, como prevê o Acordo do Clima. Se forem retirados dessa conta os híbridos comuns e os plugáveis que utilizam motores a combustão em associação a elétricos, fica praticamente impossível alcançar essa meta. Então, é necessário que a indústria automobilística continue a investir em eficiência energética, soluções alternativas (biocombustíveis) e até na melhoria dos combustíveis fósseis.
A Associação Brasileira de Engenharia Automotiva levou o assunto novamente a debates em seminário recente em São Paulo. Um dos consensos, apontado por Frederico Kremer, da Petrobrás, é que cada país ou região terá seu próprio quebra-cabeça a resolver. Soluções empregadas na China, por exemplo, assolada por graves problemas de poluição ambiental clássica, não se replicam diretamente em outros países.
Mesmo as baterias de íons de lítio, utilizadas atualmente em todos os automóveis elétricos, não representam solução definitiva. Além dos problemas de peso, volume, autonomia, densidade energética e de reciclagem dependem também do cobalto, minério produzido em grande parte no Congo em condições difíceis de extração. Luiz Oliveira, da Renault, adiantou que a empresa está tentando alternativas ao cobalto.
Uma possibilidade está nas baterias de estado sólido. Por sua alta densidade energética ocupam bem menos espaço nos veículos, são mais seguras e rápidas para recarregar. Problema ainda é o preço.
Pilhas a hidrogênio, sempre lembradas, esbarram na infraestrutura de abastecimento. Porém, o hidrogênio (em combinação com o oxigênio libera eletricidade) pode também ser obtido por meio de reformador no veículo e de um biocombustível como o etanol. Este, no ciclo de vida da produção até a emissão no escapamento, é praticamente neutro em termos de CO2. O etanol também pode ser usado em motores flex de automóveis híbridos.
Ricardo Abreu, da Mahle, ressaltou estudos no exterior sobre a necessidade de combustíveis convencionais de alta octanagem. Uma gasolina com essas características, que pode receber até 30% de etanol, permite motores bem mais eficientes em termos de consumo e assim obter ganhos em emissões de CO2.
Em resumo, seria um erro achar que apenas veículos elétricos puros resolverão todos os problemas ambientais do planeta em duas décadas. Viabilidade econômica ainda demora e exigirão subsídios impagáveis em altos volumes de produção. Dividir riscos ao adotar diferentes soluções parece ser questão de bom senso. Sem paixões ou sectarismo.
RODA VIVA


FCA decidiu entrar no jogo da VW e GM sobre lançamentos para os próximos anos. Antonio Filosa, presidente para América Latina, contabiliza 15 novidades para a Fiat e 10 para Jeep e RAM entre este ano e 2022, incluídos modelos importados, reestilizações, motores turbo, novos câmbios e até híbridos. Fiat terá mesmo três SUVs: a partir do Mobi, do Argo e versão própria do “Grand Compass” de sete lugares.

CONTRARIAMENTE ao que se especulou, perua Weekend e multivan Doblò (versão de passageiros) continuam em produção, mas em ritmo bem lento. Cada um vende apenas cerca de 300 unidades por mês. Enquanto a Fiat não lançar o SUV baseado no Argo, no próximo ano, ambos continuarão.
JEEP, além do Compass de maiores dimensões fabricado em Pernambuco, poderá importar o futuro modelo de entrada (menor que o Renegade). RAM terá picape 1500 vinda do México e outra (menor) com capacidade de uma tonelada. FCA ainda decidirá se esta, acima do Toro, poderá ser feita no Brasil.
MUSTANG alcançou ritmo de vendas esperado pela Ford. Modelo chama atenção pelo porte, grande aerofólio traseiro e ronco inconfundível do motor V-8. Há cinco modos de condução. O mais “civilizado”, apesar da suspensão firme, aceita bem a pavimentação irregular típica das nossas ruas. Acelerações vigorosas, direção precisa e bancos envolventes destacam-se.
LIFAN X80 traz a fórmula chinesa para SUVs de sete lugares: preço competitivo (R$ 129.777) por ser montado no Uruguai, bons materiais de acabamento, quadro de instrumentos virtual e profusão de itens de conforto/conveniência. Motor 2-litros turbo entrega 184 cv, o que deixa desempenho um pouco fraco. Difícil manter preço com escalada do dólar.
ESTUDO da BASF indica tons de branco, preto e laranja, nessa ordem, como tendências de cores para veículos vendidos na América do Sul nos próximos quatro a cinco anos. Laranja é cor de nicho, mas poderá atrair novos compradores que desejam diferenciação.

Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e  de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).

Sectarismo elétrico [Alta Roda]

Está cada vez mais difícil se chegar a um consenso sobre o ritmo em que a frota mundial de veículos terá de mudar de perfil para ajudar a controlar as emissões de efeito estufa responsáveis por mudanças climáticas do planeta. Os principais gases são CO2 emitido por veículos de transporte em terra, mar e ar e o metano de várias origens, sendo a principal a pecuária.

Cálculos mais recentes apontam que o número de veículos elétricos no mundo necessita atingir 220 milhões em 2030 para limitar o aumento de temperatura da Terra abaixo de 2 graus até o final do século, como prevê o Acordo do Clima. Se forem retirados dessa conta os híbridos comuns e os plugáveis que utilizam motores a combustão em associação a elétricos, fica praticamente impossível alcançar essa meta. Então, é necessário que a indústria automobilística continue a investir em eficiência energética, soluções alternativas (biocombustíveis) e até na melhoria dos combustíveis fósseis.
A Associação Brasileira de Engenharia Automotiva levou o assunto novamente a debates em seminário recente em São Paulo. Um dos consensos, apontado por Frederico Kremer, da Petrobrás, é que cada país ou região terá seu próprio quebra-cabeça a resolver. Soluções empregadas na China, por exemplo, assolada por graves problemas de poluição ambiental clássica, não se replicam diretamente em outros países.
Mesmo as baterias de íons de lítio, utilizadas atualmente em todos os automóveis elétricos, não representam solução definitiva. Além dos problemas de peso, volume, autonomia, densidade energética e de reciclagem dependem também do cobalto, minério produzido em grande parte no Congo em condições difíceis de extração. Luiz Oliveira, da Renault, adiantou que a empresa está tentando alternativas ao cobalto.
Uma possibilidade está nas baterias de estado sólido. Por sua alta densidade energética ocupam bem menos espaço nos veículos, são mais seguras e rápidas para recarregar. Problema ainda é o preço.
Pilhas a hidrogênio, sempre lembradas, esbarram na infraestrutura de abastecimento. Porém, o hidrogênio (em combinação com o oxigênio libera eletricidade) pode também ser obtido por meio de reformador no veículo e de um biocombustível como o etanol. Este, no ciclo de vida da produção até a emissão no escapamento, é praticamente neutro em termos de CO2. O etanol também pode ser usado em motores flex de automóveis híbridos.
Ricardo Abreu, da Mahle, ressaltou estudos no exterior sobre a necessidade de combustíveis convencionais de alta octanagem. Uma gasolina com essas características, que pode receber até 30% de etanol, permite motores bem mais eficientes em termos de consumo e assim obter ganhos em emissões de CO2.
Em resumo, seria um erro achar que apenas veículos elétricos puros resolverão todos os problemas ambientais do planeta em duas décadas. Viabilidade econômica ainda demora e exigirão subsídios impagáveis em altos volumes de produção. Dividir riscos ao adotar diferentes soluções parece ser questão de bom senso. Sem paixões ou sectarismo.
RODA VIVA


FCA decidiu entrar no jogo da VW e GM sobre lançamentos para os próximos anos. Antonio Filosa, presidente para América Latina, contabiliza 15 novidades para a Fiat e 10 para Jeep e RAM entre este ano e 2022, incluídos modelos importados, reestilizações, motores turbo, novos câmbios e até híbridos. Fiat terá mesmo três SUVs: a partir do Mobi, do Argo e versão própria do “Grand Compass” de sete lugares.

CONTRARIAMENTE ao que se especulou, perua Weekend e multivan Doblò (versão de passageiros) continuam em produção, mas em ritmo bem lento. Cada um vende apenas cerca de 300 unidades por mês. Enquanto a Fiat não lançar o SUV baseado no Argo, no próximo ano, ambos continuarão.
JEEP, além do Compass de maiores dimensões fabricado em Pernambuco, poderá importar o futuro modelo de entrada (menor que o Renegade). RAM terá picape 1500 vinda do México e outra (menor) com capacidade de uma tonelada. FCA ainda decidirá se esta, acima do Toro, poderá ser feita no Brasil.
MUSTANG alcançou ritmo de vendas esperado pela Ford. Modelo chama atenção pelo porte, grande aerofólio traseiro e ronco inconfundível do motor V-8. Há cinco modos de condução. O mais “civilizado”, apesar da suspensão firme, aceita bem a pavimentação irregular típica das nossas ruas. Acelerações vigorosas, direção precisa e bancos envolventes destacam-se.
LIFAN X80 traz a fórmula chinesa para SUVs de sete lugares: preço competitivo (R$ 129.777) por ser montado no Uruguai, bons materiais de acabamento, quadro de instrumentos virtual e profusão de itens de conforto/conveniência. Motor 2-litros turbo entrega 184 cv, o que deixa desempenho um pouco fraco. Difícil manter preço com escalada do dólar.
ESTUDO da BASF indica tons de branco, preto e laranja, nessa ordem, como tendências de cores para veículos vendidos na América do Sul nos próximos quatro a cinco anos. Laranja é cor de nicho, mas poderá atrair novos compradores que desejam diferenciação.

Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e  de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).

Tempo para pensar [Alta Roda]

Pode-se afirmar que o anúncio – acaba de ser feito – de um protocolo de intenções para uma aliança estratégica entre os grupos Volkswagen e Ford está longe de representar surpresa. A indústria automobilística mundial passa por desafios imensos e alto grau de incerteza sobre rumos a tomar. Nos últimos 20 anos houve forte tendência de consolidação com alianças e fusões. Algumas não deram certo como a DaimlerChrysler; outras se expandiram como Renault-Nissan-Mitsubishi.

O quadro ainda vai se alterar. Essa aproximação entre o gigante alemão e a segunda maior fabricante dos EUA ainda está por ser mais bem esclarecida.
Entrosamento entre eles não é novidade. Em 1986 a Ford esteve perto de se retirar do País em meio à chamada década econômica perdida. Houve uma fusão regional anunciada naquele ano, batizada de Autolatina e com 51% das ações de posse da VW. O processo se conclui em 1987 e o “casamento” não resistiu à crise dos sete anos: em 1994 se anunciou o divórcio. Durou mais dois anos até a separação total, porém ambas aprenderam o que deu certo e também o que não funcionou.
Quase um quarto de século depois as duas matrizes se reaproximam. Alianças costumam ser fases transitórias. A franco-nipônica, citada acima, tem dado muito certo, porém deverá acabar mesmo em fusão. Só não aconteceu até agora porque o governo francês resistiu até com malabarismos intervencionistas no mercado de capitais.
No caso do grupo germânico e do americano é previsível que a aliança se expanda bem além da linha de veículos comerciais anunciada na nota oficial conjunta do dia 19 último.

As marcas da Volkswagen concentram-se em automóveis (incluem-se SUVs), o maior segmento do mercado mundial de veículos. Nesse setor a empresa, controlada pela família Porsche com 52% de suas ações, já lidera há cerca de 10 anos, mas ao se somarem veículos comerciais (picapes, furgões, ônibus e caminhões) seu domínio é mais recente (últimos quatro anos).
A Ford anunciou recentemente que pretende se concentrar em picapes e SUVs, diminuindo sua presença em automóveis, embora essa estratégia esteja focada mais nos EUA. Apesar de ser uma empresa de capital aberto, a família Ford continua a dar as cartas. Já o Grupo VW tem quase 20% das ações com o governo do estado da Baixa Saxônia.
São situações societárias e estatutárias complicadas para uma futura fusão. Essa hipótese, porém, não se pode rejeitar. A complementariedade das linhas de produtos, a necessidade de investimentos pesados em alternativas de propulsão, conectividade, direção autônoma e serviços de compartilhamento levam essa hipótese ao patamar de algo presumível e até ao nível de quase certeza.
Se tudo caminha para esse desfecho, é bom olhar o que acontece em volta. Outras fusões, preconcebidas de início apenas como alianças, não podem se descartar. A GM, por exemplo, que já foi o maior conglomerado automobilístico do mundo por sete décadas, possivelmente terá que se movimentar nesse xadrez complicado. Talvez a fusão com a FCA, tão almejada por seu atual CEO Sergio Marchionne, não seja tão descabida. Ou, quem sabe, a Toyota (empatia existe).
Tempo para pensar.
RODA VIVA

TOYOTA trabalhará, a partir de novembro, em três turnos na fábrica de Sorocaba (SP), onde produz o Etios e agora o Yaris, ambos nas versões hatch e sedã. Ainda assim pode perder alguma fatia do mercado total por falta de capacidade produtiva se vendas da indústria continuarem a subir em 2018 e 2019. A marca japonesa até prefere essa situação a investir e arriscar ter ociosidade.
PASSO audacioso da Jaguar: primeiro crossover 100% elétrico do Grupo JLR disponível na Europa. O I-Pace, de tração 4×4, dispõe de um motor de 200 cv para cada eixo. Dimensões avantajadas com quase três metros de distância entre eixos e 4,68 m de comprimento. Produção terceirizada será muito pequena. Algumas unidades virão para o Brasil, na faixa de R$ 400 mil.

TRACKER, na versão de topo agora rebatizada como Premier (sigla LTZ, substituída nos EUA, o será aqui também), foca em itens de segurança como ESC (controle de estabilidade) e avisos de colisão frontal e de saída de faixa. Esse SUV compacto mexicano destaca-se pelo motor turboflex (1,4 L/153 cv com etanol), caixa automática 6-marchas, boas posição de dirigir e suspensões.
GOLF 2019 recebeu pequenas mudanças estilísticas – para-choques, grade, faróis, lanternas – e melhorias internas com quadro de instrumentos digital no GTI que ganhou 10 cv, agora 230 cv. Fim do câmbio manual e de motor aspirado. Preços: R$ 91.700 a 143.790. Station Variant inclui as mesmas atualizações. Porta-malas excelente de 605 litros. Preços: R$ 102.990 a 113.490.
MINISSEMINÁRIO organizado pela Mitsubishi, em São Paulo, sobre Futuro das Cidades apontou tendências que vão demorar mais a se concretizar no Brasil. Automóveis poderão ser compartilhados, alugados por períodos variáveis (até por horas) e autônomos. Menos carros rodando poucas horas por dia. Necessidades de estacionamento serão menores.
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e  de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).

Tempo para pensar [Alta Roda]

Pode-se afirmar que o anúncio – acaba de ser feito – de um protocolo de intenções para uma aliança estratégica entre os grupos Volkswagen e Ford está longe de representar surpresa. A indústria automobilística mundial passa por desafios imensos e alto grau de incerteza sobre rumos a tomar. Nos últimos 20 anos houve forte tendência de consolidação com alianças e fusões. Algumas não deram certo como a DaimlerChrysler; outras se expandiram como Renault-Nissan-Mitsubishi.

O quadro ainda vai se alterar. Essa aproximação entre o gigante alemão e a segunda maior fabricante dos EUA ainda está por ser mais bem esclarecida.
Entrosamento entre eles não é novidade. Em 1986 a Ford esteve perto de se retirar do País em meio à chamada década econômica perdida. Houve uma fusão regional anunciada naquele ano, batizada de Autolatina e com 51% das ações de posse da VW. O processo se conclui em 1987 e o “casamento” não resistiu à crise dos sete anos: em 1994 se anunciou o divórcio. Durou mais dois anos até a separação total, porém ambas aprenderam o que deu certo e também o que não funcionou.
Quase um quarto de século depois as duas matrizes se reaproximam. Alianças costumam ser fases transitórias. A franco-nipônica, citada acima, tem dado muito certo, porém deverá acabar mesmo em fusão. Só não aconteceu até agora porque o governo francês resistiu até com malabarismos intervencionistas no mercado de capitais.
No caso do grupo germânico e do americano é previsível que a aliança se expanda bem além da linha de veículos comerciais anunciada na nota oficial conjunta do dia 19 último.

As marcas da Volkswagen concentram-se em automóveis (incluem-se SUVs), o maior segmento do mercado mundial de veículos. Nesse setor a empresa, controlada pela família Porsche com 52% de suas ações, já lidera há cerca de 10 anos, mas ao se somarem veículos comerciais (picapes, furgões, ônibus e caminhões) seu domínio é mais recente (últimos quatro anos).
A Ford anunciou recentemente que pretende se concentrar em picapes e SUVs, diminuindo sua presença em automóveis, embora essa estratégia esteja focada mais nos EUA. Apesar de ser uma empresa de capital aberto, a família Ford continua a dar as cartas. Já o Grupo VW tem quase 20% das ações com o governo do estado da Baixa Saxônia.
São situações societárias e estatutárias complicadas para uma futura fusão. Essa hipótese, porém, não se pode rejeitar. A complementariedade das linhas de produtos, a necessidade de investimentos pesados em alternativas de propulsão, conectividade, direção autônoma e serviços de compartilhamento levam essa hipótese ao patamar de algo presumível e até ao nível de quase certeza.
Se tudo caminha para esse desfecho, é bom olhar o que acontece em volta. Outras fusões, preconcebidas de início apenas como alianças, não podem se descartar. A GM, por exemplo, que já foi o maior conglomerado automobilístico do mundo por sete décadas, possivelmente terá que se movimentar nesse xadrez complicado. Talvez a fusão com a FCA, tão almejada por seu atual CEO Sergio Marchionne, não seja tão descabida. Ou, quem sabe, a Toyota (empatia existe).
Tempo para pensar.
RODA VIVA

TOYOTA trabalhará, a partir de novembro, em três turnos na fábrica de Sorocaba (SP), onde produz o Etios e agora o Yaris, ambos nas versões hatch e sedã. Ainda assim pode perder alguma fatia do mercado total por falta de capacidade produtiva se vendas da indústria continuarem a subir em 2018 e 2019. A marca japonesa até prefere essa situação a investir e arriscar ter ociosidade.
PASSO audacioso da Jaguar: primeiro crossover 100% elétrico do Grupo JLR disponível na Europa. O I-Pace, de tração 4×4, dispõe de um motor de 200 cv para cada eixo. Dimensões avantajadas com quase três metros de distância entre eixos e 4,68 m de comprimento. Produção terceirizada será muito pequena. Algumas unidades virão para o Brasil, na faixa de R$ 400 mil.

TRACKER, na versão de topo agora rebatizada como Premier (sigla LTZ, substituída nos EUA, o será aqui também), foca em itens de segurança como ESC (controle de estabilidade) e avisos de colisão frontal e de saída de faixa. Esse SUV compacto mexicano destaca-se pelo motor turboflex (1,4 L/153 cv com etanol), caixa automática 6-marchas, boas posição de dirigir e suspensões.
GOLF 2019 recebeu pequenas mudanças estilísticas – para-choques, grade, faróis, lanternas – e melhorias internas com quadro de instrumentos digital no GTI que ganhou 10 cv, agora 230 cv. Fim do câmbio manual e de motor aspirado. Preços: R$ 91.700 a 143.790. Station Variant inclui as mesmas atualizações. Porta-malas excelente de 605 litros. Preços: R$ 102.990 a 113.490.
MINISSEMINÁRIO organizado pela Mitsubishi, em São Paulo, sobre Futuro das Cidades apontou tendências que vão demorar mais a se concretizar no Brasil. Automóveis poderão ser compartilhados, alugados por períodos variáveis (até por horas) e autônomos. Menos carros rodando poucas horas por dia. Necessidades de estacionamento serão menores.
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e  de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).

Yaris reforça linha Toyota [Alta Roda]

Apesar de grande avanço dos SUVs, crossovers e versões aventureiras no Brasil – fenômeno mundial –, os hatches e sedãs dos segmentos A e B ainda representam 60% das vendas totais de veículos de passageiros, excluídas as picapes de cabine simples e dupla. Nesse contexto é preciso muita atenção das fabricantes para melhorar participação de mercado e atender a maior massa de compradores.

Toyota completou a sua grade de produtos ao lançar o Yaris e posicioná-lo em termos de preço entre Etios e Corolla. As versões hatches vão de R$ 59.590 a 77.590 e os sedãs de R$ 63.990 a 79.990,00. São preços alinhados aos lançamentos mais recentes, mas se comparados os respectivos equipamentos perde competitividade. A previsão é de 55% das vendas para o hatch e 45% para o sedã com volume de até 6.000 unidades por mês no mercado interno. Câmbio manual (seis marchas) terá apenas 5% do mix. O hatch chega às concessionários no fim do mês e o sedã, em julho.
Em relação ao Polo, por exemplo, o Yaris hatch empata em termos de espaço interno, enquanto a versão sedã perde para o Virtus, cuja distância entre eixos é 10 cm maior. Vantagem para o modelo japonês é o assoalho plano atrás, mas não há saída do ar-condicionado para o compartimento traseiro existente no rival.

Yaris nacional é maior que o homônimo europeu e se baseia no modelo tailandês. Embora a fábrica informe que a arquitetura não se deriva do Etios sedã, a distância entre eixos é igual e as bitolas praticamente as mesmas, bem como tanque de combustível de 45 litros (deveria ter no mínimo 50 litros). Os porta-malas variam entre 310 e 473 litros (hatch e sedã), volumes um pouco menores que a média dos concorrentes (Honda City, 536 litros).

O estilo de ambos é moderno, sem exageros. Internamente também evoluiu com um quadro de instrumentos fácil de ler e tela multimídia de 7 pol. Porém a coluna direção continua com incômoda regulagem em altura do tipo queda-livre e sem ajuste de distância. Materiais de acabamento do interior são razoáveis, embora os plásticos não tão agradáveis ao toque. A tampa de material aglomerado sobre o estepe é um ponto falho. Macaco continua fixado sob o assento do motorista, como nos Etios.
A Toyota fez pequenos ajustes nos motores do Etios, utilizados também no Yaris. Ganharam 3 cv, passando o de 1,3 L para 101 cv (etanol) e o de 1,5 L para 110 cv (etanol). Desempenho é menor pois o novo modelo pesa em torno de 150 kg a mais. A diferença, no entanto, não chega a incomodar porque o novo modelo utiliza o mesmo câmbio automático, tipo CVT, de sete marchas virtuais (igual ao do Corolla).
O Yaris se destaca, em particular, pelo acerto das suspensões e o silêncio a bordo. Absorve muito bem as irregularidades da pavimentação, embora só estejam disponíveis rodas com aro de 15 pol. que garantem menos aspereza ao rodar em relação aos aros de 16 e de 17 pol.
Entre vários equipamentos de segurança inclui-se controle eletrônico de estabilidade de série. Há apenas dois airbags, salvo na versão de topo XLS que oferece sete. Algo incongruente: faróis de neblina de série, porém luzes diurnas (DRL) ser acessório, mesmo na versão mais cara.
RODA VIVA

PRODUÇÃO de veículos no mês passado foi entre 70.000 e 80.000 unidades menor que o programado, estima a Anfavea em razão da greve de caminhoneiros. Podem ser recuperadas nos próximos meses. Vendas também afetadas (menos 25.000), mas estoque total diminuiu apenas um dia, de 32 para 31 dias (maio contra abril). No acumulado, vendas 17% maiores em 2018.
ANUNCIADA suspensão pela FCA de toda a produção de motores Diesel para veículos leves na Europa até 2021, das marcas Fiat, Jeep, Alfa Romeo e Maserati, não deve incluir o Brasil. Renegade e Compass continuariam com esta opção aqui. Por outro lado, versões com turbocompressor estarão nos motores flex de 3 e 4 cilindros, de 1 L e 1,33 L, da atual família GSE.
CITROËN C4 Lounge impressiona pelo espaço interno, em especial no banco traseiro para pernas e cabeças. Há saídas de ar-condicionado atrás. Novo quadro de instrumentos, mais moderno, sofre com reflexos. Volante poderia ter diâmetro um pouco menor e porta-malas, um pouco maior. Ponto alto: motor turboflex de 173 cv (etanol) e câmbio automático 6-marchas.
PORSCHE comemorou 70 anos do licenciamento do primeiro modelo, um 356, em 8 de junho de 1948, na Áustria, onde foi desenvolvido pelo filho de Ferdinand Porsche, criador do Fusca. Como o pai, ele também se chamava Ferdinand e logo recebeu o apelido Ferry. Hoje produz 250.000 carros por ano. Sua família controla o Grupo VW com a holding Porsche SE.
LEI seca no Brasil, que proíbe motoristas de beber qualquer quantidade de álcool antes de dirigir, completa 10 anos em 2018. Segundo pesquisa da Escola Nacional de Seguros, desde a implantação, poupou 40 mil vidas e 235.000 pessoas de invalidez permanente em acidentes de trânsito. Mudou a mentalidade dos motoristas, inclusive dos mais jovens, sobre segurança.
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e  de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).

Fiat prepara reviravolta [Alta Roda]

A história mostrou muitas surpresas ao longo de mais de 130 anos desde a patente do primeiro automóvel em 1886 por Karl Benz. Muitas marcas apareceram e sucumbiram, mas pelo menos 20 mantêm-se no mercado há mais de 100 anos. Uma delas é a Fiat que enfrentou dificuldades financeiras e acabou se fundindo com a Chrysler.

O artífice desse plano foi Sergio Marchionne, então presidente do grupo italiano. Ele recebeu do governo dos EUA a marca americana, que havia falido em 2009, para depois formar a FCA (Fiat Chrysler Automobiles) em 2014. O executivo ítalo-canadense vai se despedir da companhia em março do próximo ano, depois de cumprir uma jornada de consolidação do grupo.
Marchionne conseguirá zerar a dívida operacional da FCA ao final deste semestre, considerado um grande feito administrativo e estratégico para o futuro. No dia 1º de junho último apresentou, em Balocco, Itália, um novo plano de negócios para o período 2018-2022, a ser tocado por seu sucessor, que só será conhecido no início de 2019. A plateia era de analistas financeiros, representantes do mercado de capitais e jornalistas de economia e de produto.
O atual presidente da FCA é uma pessoa determinada e audaciosa, além de ter contado com um pouco de sorte. Foi cobrado por ter ficado muito longe da meta de 400.000 modelos Alfa Romeo vendidos por ano (apenas 110.000 em 2017). Foi prudente em relação à automação. Hoje muitos já oferecem o nível 2, mas o nível 3 (motorista não precisa colocar as mãos no volante, mas deve supervisionar) tem custo estimado em US$ 30.000/R$ 114.000, algo inviável.
Seu conceito de eletrificação é bastante pragmático. Vai desde motor elétrico para ajudar um turbocompressor, arquitetura de 48 volts e alternoarranque em motores a combustão, passando pelo híbrido básico, híbrido plugável e carro a bateria. Todas essas soluções serão empregadas pelas várias marcas do grupo.
Marchionne transformará a Fiat em marca de nicho de pequenos modelos urbanos, na Europa, com o 500 e o Panda. Mas para a América Latina os planos são bem mais amplos. Garantiu que terá três novos SUVs, sem adiantar pormenores. O que se espera: um com base na plataforma Argo/Cronos (2020), o outro uma vertente aventureira/crossover a partir do Mobi renovado (2021), ambos previstos para Betim (MG), onde também se produzirá a nova geração da picape Strada (2020).

O terceiro SUV será uma versão Fiat do Jeep Compass de sete lugares, ambos reservados para Goiana (PE), em 2020. Trata-se de um produto novo, de dimensões internas e externas maiores, provavelmente a partir da base do novo Cherokee. A FCA também terá uma picape para uma tonelada, maior que a Toro, com esquema tradicional de carroceria sobre chassi. Utilizará a marca RAM, mas será importada do México (2021).
Antonio Filosa, que comanda o Grupo FCA América Latina a partir de Betim, acrescentou que ainda haverá quatro renovações profundas das linhas atuais das duas marcas nos próximos três anos. Ele descartou, porém, produção no País de um modelo menor que o Renegade. Apelidado de Baby Jeep, está nos planos da companhia anunciados em Balocco, para 2021 ou 2022. É certo que será, então, importado para o Brasil.
RODA VIVA

IMPRESSÃO 3D mudará o conceito de fabricação de veículos. Aponta para reduções importantes de custos de produção em combinação com Indústria 4.0 e Internet das Coisas. Permitirá também redução de estoques e maior personalização de acessórios para o consumidor. Semana que vem ocorrerá conferência e exposição em São Paulo sobre o tema.
EMBORA a BMW fizesse algum mistério, haverá sucessor do Z4, descontinuado em 2016. O novo roadster (conversível de dois lugares) foi mostrado agora, ainda disfarçado, em campo de testes na França. Além da silhueta clássica de motor dianteiro, capô longo e tração traseira, a fábrica adianta que haverá novo propulsor de seis cilindros e alta potência. Nada de híbrido…
CRONOS tem como destaques estilo atual e interior bem projetado com materiais de bom aspecto para seu nível de preço. Espaço atrás para pernas é algo limitado: sedãs concorrentes dispõem de distância entre eixos bem maior. Relação conforto-estabilidade das suspensões é ponto alto. Motor de 1,8 L mostra certa aspereza, enquanto o de 1,3 L é suave, mas falta fôlego.
BLITZ de trânsito é comum nas cidades brasileiras e vem aumentando por conta da fiscalização do índice de alcoolemia dos motoristas. Site Doutor Multas sugere quatro ações, às vezes esquecidas: obedecer logo às ordens dos agentes de trânsito e policiais; não dar motivos para que suspeitem de sua conduta; descartar postura defensiva ou agressiva; não tentar fugir da blitz.

CÂMERAS de ré começaram a ser obrigatórias este mês em todos os veículos vendidos nos EUA. Em geral são modelos de porte maior que os europeus e menor visibilidade traseira. Estudos foram profundos e sem antecipar prazos, como Latin NCAP costuma preconizar. Lei foi aprovada pelo congresso americano em 2008, regulamentada só em 2014 e em vigor agora.
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e  de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).

Cautela com subsídios [Alta Roda]

O verdadeiro pesadelo nacional em que se transformou a greve dos caminhoneiros termina com balanço nitidamente de perde-perde. Perderam a sociedade com prejuízos aos deslocamentos e desabastecimentos; as atividades econômicas em quase sua totalidade; o governo federal por ser obrigado a subsidiar o preço do diesel; e os próprios manifestantes porque nos últimos dias houve desgaste na imagem positiva dos que labutam ao volante de forma solidária e profissional.

Uma das coisas estranhas no acordo entre governo e motoristas é a generalização de isenção de pedágio por eixo suspenso dos caminhões. Isso não é adotado em outros países simplesmente pela dificuldade de fiscalizar se semirreboque ou baú estão mesmo vazios. Há racionalidade em levantar um eixo para poupar pneus e combustível, mas está longe de ser uma solução correta e justa para todos que pagam pedágio, além dos caminhoneiros.

Esta é a quinta paralisação nas estradas desde 2000. Em todas as vezes se questiona a vulnerabilidade do Brasil quanto à concentração de rodovias nos modais de transporte. Essa “fraqueza” existe, mas não é exclusividade nossa. Na Europa Ocidental, por exemplo, o porcentual de 60% é bem próximo ao existente aqui. Mesmo nos EUA, onde a rede ferroviária é sete vezes maior que a brasileira (210.000 km contra 30.000 km, aproximadamente), as mercadorias transportadas por estradas, em valor, representam algo perto de 60%.

Independentemente da participação inadequada dos modais há grandes gargalos logísticos no Brasil. Como um país com 8.000 km de litoral e tantos portos continua quase a desprezá-los? Mas algo precisa ser dito sobre a participação de estradas pavimentadas na malha total. Apenas 12% não são de terra. À exceção da África, nosso país é caso único no mundo. Se essa proporção dobrasse, por exemplo, rodovias seriam competitivas mesmo em relação às ferrovias em grandes distâncias. Basta ver os treminhões em algumas estradas brasileiras.
Subsídio ao óleo diesel precisa ser visto com cautela. Em termos de preços internacionais o país está agora, como sempre esteve, no meio termo entre o que se cobra nos EUA e na União Europeia. Mesmo em relação aos nossos vizinhos o preço não é muito diferente, sem contar a Venezuela onde fica quase de graça. Se o preço internacional e a cotação do dólar sobem, o repasse torna-se inevitável. O ritmo dele pode se atenuar, mas alguém vai pagar de qualquer jeito na forma de impostos ou de diminuição de incentivos em outros ramos da economia.

Bom lembrar também que picapes médias e SUVs de tração 4×4 podem abastecer livremente com esse diesel subsidiado. Na maioria dos casos, trata-se de modelos caros e de uso não comercial. Preço diferenciado na bomba é inexequível. Aumento do IPVA, específico para esse tipo de veículo-utilização, pode ser alternativa. Outra solução: voltar ao que sempre foi. SUVs só com motor de ciclo Otto (gasolina ou flex).
Legislação de emissões para motores diesel em picapes e SUVs é muito frouxa no Brasil: pega carona no uso em caminhões leves. Sem inspeção veicular pode se tornar um problema nas grandes cidades, cedo ou tarde.
RODA VIVA

CITROËN C4 Cactus estreia em setembro próximo, mas a marca já revelou visual externo igual ao francês, salvo rack de teto, rodas e vidros das portas traseiras (descem e não basculam, como no original). Na avaliação dos protótipos, por 250 km, o desempenho agradou. Mesmo motor 1,6-litro turboflex do Peugeot 2008, mas com câmbio automático 6-marchas. Interior foi simplificado.
OUTRA pré-antecipação: aventureiro Ka FreeStyle chega ao mercado em julho. Bem formulado, sem exageros. Trata-se de versão completa: seis airbags, ESC e câmera de ré associada a sensores de obstáculos. Preços partem de R$ R$ 63.490, mais R$ 4.500 pelo câmbio automático convencional 6-marchas. Estreia também motor tricilindro de 1,5 litro e 136 cv.
CÂMERA de ré de série (quando equipado com multimídia), cinto de segurança de três pontos e encosto de cabeça para a posição central traseira são principais novidades do Chevrolet Onix 2019, a partir de R$ 54.390 (automático, mais R$ 5.300). Carlos Zarlenga, presidente da GM Mercosul, afirmou que escalada do dólar impacta de forma brusca as contas da empresa.

MINI 2019 mudou faróis e estreou novo logotipo inspirado nos modelos dos anos 1990. Lanternas traseiras homenageiam bandeira britânica. Eletrônica geral e infotenimento com boa evolução. Sistema desliga/liga o motor funciona agora orientado pelo GPS. Há novo câmbio automatizado de dupla embreagem e sete marchas nos Cooper. R$ 119.990 a 179.990.
APLICATIVOS para telefone celular continuam a facilitar a vida de quem depende de prestação de serviços ligados ao uso do automóvel. A Sompo Seguros acaba de lançar um novo e específico processo de indenização de segurados, após ocorrência de sinistro. Constatação dos danos (com câmera do celular), análise e liquidação da ocorrência ficaram mais rápidos.
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e  de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).

Redondamente enganado [Alta Roda]

O futuro da indústria automobilística aponta, ninguém sabe com certeza em que ritmo, para a tração elétrica e avanço das tecnologias de condução autônoma. É uma aposta industrial e de infraestrutura caríssima, sujeita a altos riscos econômicos e de difícil implantação fora de países ricos ou superpopulosos como a China e, eventualmente, a Índia. Pular a etapa racional dos híbridos pode se tornar um erro grave, talvez tarde demais para reverter.

No entanto, automóveis continuarão a existir e para rodar vão continuar precisando de pneus. Esses são o único e estreito vínculo entre o veículo e o solo. Os fabricantes desses produtos de borracha estão de longe de atuar com indiferença sobre os cenários que se apresentam nas próximas décadas.
Uma das apostas mais ousadas é o pneu esférico da americana Goodyear, Eagle 360 Urban, que dispensa rodas. Um exercício de ficção científica com uma espécie de pele biônica na superfície de rodagem, nunca fura, utiliza inteligência artificial e pode levitar magneticamente em uma estrada especialmente construída para ele. Nem a empresa consegue fazer previsão de quando se tornará realidade.
Os desafios para carros elétricos também não são poucos. Os pneus precisam de um rodar silencioso. Mesmo com dimensões mais estreitas devem compensar o desgaste extra pelo peso das baterias e torque instantâneo do motor que proporciona acelerações fortes.
De qualquer forma a evolução terá que vir também para os carros atuais. Foi motivo de análise aprofundada pelo site inglês www.just-auto.com do qual este colunista é correspondente. Primeira preocupação é diminuir peso. A japonesa Yokohama trabalha para reduzir massa em 25%.
Cada pneu de automóvel exige 40 litros de petróleo para ser produzido. É possível economizar ao usar de óleo de soja na composição da borracha. A francesa Michelin desenvolve uma roda flexível capaz de se deformar e evitar que o pneu esvazie ao passar por buracos de DNA brasileiro, sonho de consumo por aqui.
Muito interessante é a proposta da alemã Continental. Câmeras rastreiam o spray de água em pista molhada e, com ajuda de outros parâmetros, antecipa o risco de aquaplanagem. Interage, então, com controles eletrônicos para diminuir a velocidade, resolvendo um dos maiores problemas de um veículo com direção autônoma e mesmo de motoristas comuns.
Italiana Pirelli promete, no final deste ano, introduzir a troca de informações em tempo real entre pneus e a eletrônica de bordo, em particular com Sistemas de Assistência Avançada ao Motorista (ADAS, na sigla em inglês).
E que tal um pneu que “respira” e limpa o ar em torno dele? Pois a Goodyear propõe exatamente isso. Desenvolveu um protótipo de um não pneumático com estrutura aberta que aumenta a aderência ao absorver água da pavimentação molhada. Na lateral existem musgos capazes de utilizar umidade e iniciar um processo de fotossíntese absorvendo CO2 e devolvendo oxigênio para a atmosfera.
Portanto, de onde menos se espera, brota alta tecnologia. Mesmo de uma estrutura circular, de cor negra e que aparentemente nada agrega. Quem pensava assim estava redondamente enganado, nos dois sentidos do termo.
RODA VIVA

HONDA abriu a “porteira” para crossovers derivados de hatches com o WR-V, em março de 2017. Fórmula simples: maior altura de rodagem, mudanças estéticas na frente e traseira, penduricalhos de sempre. Primeiro seguidor, Ka Freestyle, chega em julho. Volkswagen não confirma, mas deve lançar no próximo ano o T-Track (nome provisório) com base no Polo.
OUTRO sinal positivo de recuperação sustentável do mercado interno de veículos veio da ampliação em 27,6% do crédito liberado para financiamentos (incluído leasing), em relação ao primeiro trimestre do ano passado. O dado ruim: apesar de nível da inadimplência perto da mínima histórica os bancos ainda estão bem seletivos. Mais de 40% das propostas são recusadas.

FIM do Inovar-Auto e do superIPI voltou a viabilizar importações desde 1º de janeiro. McLaren aproveitou. Seu representante Eurobike acumula grande experiência em automóveis caros. Já em 2019 espera vender 24 unidades. A marca inglesa, claro, enfrenta Ferrari e Lamborghini. Cupê 570S começa em R$ 1,9 milhão e o 720S vai a R$ 3,1 milhões.

NOVAS placas de veículos do Mercosul adiadas, de novo, para dezembro próximo. Planejamento agora está correto: carros novos e os que trocam de proprietário ou cidade. Identificação mais segura; conjunto de quatro letras e três números permite mais de 200 milhões de combinações. Fabricantes de veículos se queixam de dimensões impróprias: não foram consultados.

TESLA continua a enfrentar grandes dificuldades industriais para deslanchar seu modelo elétrico de porte médio, em Fremont, Califórnia. O dono e bilionário, Elon Musk, pensava que fábrica de automóveis era mina de ouro e descobriu mina de problemas. Mais fácil produzir foguetes. Parafraseando o ditado, está comendo o pão que o diabo, ou melhor, o carro amassou…

Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e  de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).

Um novo consumidor [Alta Roda]

Quem achava que leis de mercado são pouco efetivas para aumentar a competição e baixar preços de automóveis no Brasil, pode colocar as barbas de molho. O cenário atual de rápida recuperação das vendas, que acumularam 21% de crescimento no primeiro quadrimestre de 2018 frente ao mesmo período de 2017, não impediu a expansão de promoções. Bônus e outras vantagens indiretas (gratuidade de despesas obrigatórias e primeiras revisões; períodos adicionais de garantia) também responderam pelo menor desembolso direto ou indireto ao comprar um modelo novo.

Como houve drástica queda de vendas de quase 50%, entre 2013 e 2016, carros vendidos no período e hoje considerados seminovos estão escassos. Por esse motivo as concessionárias vêm dando preferência em descontos para quem coloca na negociação um veículo seminovo.
A situação atual se deu pelo acirramento de concorrência entre as marcas, chegada de novos modelos e urgência em diminuir a capacidade instalada ociosa. Este cenário veio para ficar e nada indica mudanças nos próximos anos.
O prejuízo financeiro acumulado por quase todas as marcas só não foi maior porque o preço médio de modelos comercializados subiu de patamar. Quem continuou a comprar nos anos de recessão tinha bom poder aquisitivo para escolher modelos mais caros e completos, às vezes com todos os opcionais possíveis.

Um dos fenômenos de mudança de comportamento foi o avanço dos SUVs, mas nada se compara à contínua aceitação dos câmbios automáticos e automatizados. Em modelos na faixa de R$ 80.000 a participação supera, hoje, 70% e chega quase a 100% acima de R$ 100.000.
Estudo da FCA projeta que, em quatro anos, no máximo 45% da totalidade de modelos comercializados internamente continuarão com câmbio manual. Isso em período de aceleração de vendas e da volta de compradores de menor renda sem condições aparentes de pagar R$ 6.000, em média, por um automático.
Levantamento, por parte da filial brasileira da consultoria inglesa Jato, revelou avanços surpreendentes, de 2008 a 2018, de vários equipamentos antes considerados caros ou sofisticados. A evolução no período apontou as diferenças entre os 10 modelos mais vendidos no Brasil ao longo daquele período:
Controle de estabilidade (ESC) de 0% para 40%; direção assistida, 52%/100%; travas elétricas, 23%/100%; ar-condicionado, 17%/100%; vidros elétricos, 20%/99%; conexão USB, 8%/89%; Bluetooth, 3%/88%; espelhamento para celulares, 0%/46%; rodas de liga leve, 20%/55%; rodas de aro 15 pol., 15%/55%; controle de velocidade de cruzeiro, 0%/30%; revestimento em couro (legítimo ou imitação), 0%/25%, GPS, 0%/20%.
Fenômeno ainda mais impressionante: em 2008 nenhum modelo entre os 10 mais comercializados no Brasil saía de fábrica com câmbio automático ou automatizado. Hoje, o manual alcança apenas 55%.
Em suma, o mercado mudou, porém haverá espaço para todos os segmentos de compradores, inclusive de automóveis mais básicos. Com a diferença que o básico de hoje é mais equipado que o do passado recente e o seu preço médio continuará inferior ao de variação da inflação.
RODA VIVA

AMÉRICA Latina terá capítulo mais aprofundado no plano de negócios mundiais 2018-2022, da FCA, a ser anunciado em 1º de junho próximo, em Balocco, Itália. Será o último planejamento antes da aposentadoria de Sergio Marchionne, em março de 2019. Seu sucessor, apesar das especulações sobre nomes, não será anunciado neste evento.
ANTONIO Filosa, novo CEO da FCA para América Latina, mostrou entusiasmo sobre o programa Rota 2030. Para ele, o melhor conjunto de diretrizes governamentais do mundo, quando aprovado. Quanto à Fiat, prevê atualização do Uno, possível versão aventureira do Argo e motores de 1 litro só com três cilindros. Picape RAM 1500 é estudada também. Sobre Alfa Romeo, improvável a volta ao Brasil.
FONTES da coluna preveem que o Grupo CAOA, até o final do ano, chegará a um acordo para a própria Hyundai assumir importações da sua marca. Produção em Anápolis (GO) do novo Tucson e ix35 também deve parar em prazo mais longo, a definir. Nova fábrica da sul-coreana seria construída na Argentina para equilibrar seu comércio bilateral dentro do Mercosul.
VIRTUS, sedã compacto anabolizado da VW, tem estilo discreto e acabamento com materiais simples. Em troca oferece amplo espaço para pernas no banco traseiro e alto nível de segurança. Acelerações do motor 1-litro turbo são convincentes, porém saída em baixa velocidade do câmbio automático é brusca demais. Motor 1,6 L (câmbio manual), silencioso em cidade; na estrada, há ruído de aspiração ao acelerar.

ESTAMOS em pleno Maio Amarelo, mês focado no trânsito seguro, e o Contran decidiu interromper – provisoriamente, acredita-se – obrigatoriedade do mecanismo adicional para evitar levantamento da caçamba de caminhões basculantes com veículo em movimento. Atendeu pleito absurdo de alguns caminhoneiros: eles dizem não encontrar o equipamento.
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e  de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).

Nunca desanimar [Alta Roda]

Este mês se inicia mais uma campanha Maio Amarelo, do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), em colaboração com a Anfavea. Trata-se de um tema dos mais negligenciados pelo poder público, mas também não dá para afirmar que este nada fez ou, ao menos, tentou.

O Brasil é um dos países signatários da Década de Ação para Segurança no Trânsito, criada pela ONU em 2011, de adesão voluntária. Meta audaciosa de redução de 50% no número de mortos em acidentes certamente deixará ser cumprida em sua totalidade. Países com trânsito mais seguro enfrentam o desafio de melhorar o que já é bom ou razoável. Em outros, as ações podem mostrar resultados bem interessantes a partir de uma situação muito ruim.
Nosso país deve se situar no meio termo ao fim do prazo. Entre 2012 e 2016 já houve redução de 22% no número de mortos. As 35.708 pessoas que perderam a vida, segundo o DataSUS, podem deixar de refletir a realidade em razão de estatísticas precárias e divulgadas com atraso. Essa referência engloba vítimas em ruas e estradas e que faleceram até 30 dias após o acidente, como se faz em países centrais. Parte desse avanço deve-se, sem dúvida, à Lei Seca e ao aumento da fiscalização.
Este ano o Maio Amarelo se baseia no mote anunciado pelo Contran no início do ano: “Minha escolha faz a diferença”. O ONSV criou, então, toda uma campanha com peças para várias mídias e hashtag #nossomosotransito. Há mensagens objetivas sugerindo mudanças comportamentais por todos os entes envolvidos no trânsito.
O próprio Contran mostrou iniciativas importantes este ano, porém atuou de forma atabalhoada por meio de algumas Resoluções polêmicas. Intenções foram boas, tudo na direção certa, porém o momento escolhido e os prazos exigidos fugiam da realidade de um país complicado por natureza.
Vai conseguir multar pedestres e ciclistas faltando poucos meses para eleições de grande amplitude? A lei já existia, o difícil é fazê-la funcionar. Precisaria de algo factível de executar, período de advertência razoavelmente longo e só depois partir para a multa. Receber o valor da penalidade seria muito difícil, mas já garantiria algum resíduo pedagógico em longo prazo.
Outro passo em falso foi a polêmica Resolução 726 que mudava o processo de habilitação de novos motoristas. Algo considerado fundamental para criar futuras gerações de motoristas e motociclistas mais conscientes e bem treinadas. A ideia de consolidar tudo num calhamaço de 272 páginas, naturalmente, ficou difícil de digerir. Faltou planejamento e a batalha de comunicação foi perdida de cara. O Contran dispõe de verbas publicitárias reservadas do DPVAT (conhecido como seguro obrigatório) e tinha de usá-las.
Equívoco mais sério foi tentar obrigar quem já estava habilitado a se submeter a novos testes. Poderia haver um questionário simples sobre legislação, de resposta voluntária, apenas para despertar a consciência. Consequência final foi desastrosa: tudo revogado dois dias depois, inclusive o que deveria ficar.
Pelo jeito, vários “maios amarelos” se passarão, antes de se atingirem bons resultados. Ânimo não pode faltar.
RODA VIVA


CITROËN já distribuiu primeiras fotos oficiais do C4 Cactus nacional a ser lançado dentro de quatro meses, segundo fonte da Coluna. Dimensionalmente não mudará em relação ao modelo homônimo apresentado no Salão de Genebra, de março último. Distância entre eixos de 2,60 m é 6 cm maior do que o Peugeot 2008; futuro concorrente, VW T-Cross, terá 2,65 m.
PRIMEIRO quadrimestre do mercado interno de veículos (leves e pesados) comprova plena recuperação: 21% sobre 2017. No mês passado, as vendas superaram abril do ano anterior em 38,5%. Os estoques totais recuaram de 33 dias, em março para 32, em abril (normal, 35 dias; ideal, 30). Vendas diárias ainda permanecem subindo: em abril, média de 10.350 unidades.
EXPORTAÇÕES continuam a dar suporte aos números de produção e, por consequência, à recuperação do emprego setorial. Nos quatro primeiros meses de 2018 as exportações estão 65% acima da média dos primeiros quadrimestres dos últimos 10 anos. Produção total (mercados interno e externo) cresceu quase 21% sobre o mesmo período de quadrimestral de 2017.
IMPORTADORES filiados a Abeifa também anotam números positivos, quando comparados aos do fundo do poço em 2017. Vendas cresceram 44% em janeiro-abril deste ano contra o mesmo período do ano passado. A entidade espera recuperação firme ao longo de 2018, embora escalada de valorização do dólar possa atrapalhar. Concessionárias estão sendo reabertas.

FORD confirmou que seu motor de 1,5 litro de três cilindros, que estreia no Focus americano em 2019, terá estratégia de desativação de um cilindro sob condições de uso específicas. Haverá versão com turbocompressor. É o mesmo propulsor fabricado em Taubaté (SP) na versão aspirada e que também poderá receber esses recursos para atender novos limites de consumo.
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e  de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).

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