Impressões: Renault Captur 2.0 é SUV para quem aprecia suavidade

Impressões: Renault Captur 2.0 é SUV para quem aprecia suavidade

Conforme você já conferiu aqui no AUTOPOLIS, o Renault Captur está chegando para ocupar espaço acima do Duster no portfolio da marca francesa, custando a partir de R$ 78,9 mil, mas oferecendo um visual bem mais atraente e uma lista de equipamentos de série mais completa. Confortável e bom de dirigir, o Captur herda muitas características do Duster, algumas positivas, como a boa altura em relação ao solo (212 mm), e outras negativas, como câmbio automático de 4 marchas que equipa a versão 2,0 litros.

Durante o evento de lançamento para a imprensa especializada, andamos com a versão Intense 2.0 16V flex de 148 cv (etanol), que escolhemos pelo fato de ser o modelo que já se encontra em exposição nos concessionários e pode ser encomendado antecipadamente. Deverá também ser a versão mais vendida, expectativa essa também manifestada por Bruno Hohmann, diretor de marketing da Renault.

Mas vamos aos fatos. A Renault realmente precisava de um SUV mais sofisticado para encarar os modelos mais badalados do segmento, grupo formado pelo Honda HR-V, Jeep Renegade, o “primo” Nissan Kicks e o recém chegado Hyundai Creta. O Duster, de origem Dacia, com seu estilo peculiar e uma pegada mais focada no custo-benefício, não tinha fôlego para tanto.

Portas adentro

O interior do Captur acolhe bem, tem muitos porta trecos e os controles são quase todos bem posicionados. Exceto pelos botões de acionamento do controle/limitador de velocidade e da tecla eco, posicionados em um local de difícil acesso, em baixo da alavanca de câmbio (dá para se acostumar com o tempo, mas, definitivamente, não é nada ergonômico).

Achar uma boa posição para dirigir é fácil, apesar do volante ter apenas ajuste de altura e não de profundidade. A posição de dirigir elevada (a maior da categoria), ajuda a aumentar a sensação de controle do carro, característica que deve agradar especialmente ao público feminino.

O painel tem desenho simples e elegante, com instrumentos que combinam elementos digitais e analógicos na medida certa. A central multimídia posicionada ao centro tem manuseio fácil e intuitivo, com controles de áudio e telefonia disponíveis também no volante multifuncional. Ficaria ainda melhor se o painel adotasse materiais mais macios em seu revestimento, ao menos em alguns pontos, como acontece com o Kicks, por exemplo, que tem a parte central revestida em um tecido com acabamento pespontado.

Os bancos, com revestimento muito bonito, combinando detalhes contrastantes e pesponto, são confortáveis e não cansam mesmo em trajetos mais longos. O espaço interno é muito bom mesmo para quem viaja no banco traseiro. A cabine é silenciosa e a falta de uma saída de ar-condicionado no console para quem viaja atrás não chega e comprometer o conforto. De forma geral, a vida a bordo do Captur é bastante agradável e acolhedora.

Com o estepe posicionado externamente, o porta-malas ganhou mais espaço para bagagem em relação ao Duster, ampliando seu volume para 437 litros.

Em movimento

Ao volante, o Captur transmite sensações muito semelhantes às do Duster, o que é natural considerando que ambos compartilham a mesma plataforma. Há, contudo alguns ajustes diferenciais, como uma nova calibragem de amortecedores, molas e do sistema de assistência eletro-hidráulica da direção, além da adoção de rodas de 17 polegadas (o Duster oferece apenas de 16 polegadas).

O rodar macio do Duster se repete no Captur, mas o novo SUV é um pouco mais firme e oferece um manuseio e reações melhores. O sistema de direção eletro-hidráulico não é tão macio quanto um elétrico, mas transmite segurança e proporciona respostas rápidas ao volante.

“Bom, mas e as resposta ao acelerador?” – pergunta o astuto leitor.

O Captur é um carro para andar com suavidade, oferecendo desempenho suficiente para a maioria das situações cotidianas. O motor 2.0 16V, também herdado do Duster, oferece bons 148 cv de potência e 20,9 kgfm de torque máximo (etanol), contudo, o anacrônico câmbio automático de quatro marchas não ajuda nem no desempenho nem no consumo, ainda que tenha sido recalibrado para proporcionar acelerações melhores.

Para o uso normal, do dia-a-dia, esse conjunto atende às necessidades, só não espere por acelerações daquele tipo que nos faz grudar no banco, nem por um consumo muito baixo. Segundo dados do Inmetro, quando abastecido com etanol o Captur consome 6,2 km/l na cidade e 7,3 km/l na estrada. Com gasolina, esses números passam para, respectivamente, 8,8 km/l e 10,8 km/l.

Vale a pena?

Se você não é do tipo que faz questão de alto desempenho e os números de consumo aí em cima não te incomodaram, o Renault Captur é sério candidato à sua garagem.

É um carro muito bonito, espaçoso e confortável. É bom de dirigir e tem uma lista de equipamentos bem recheada, que inclui central multimídia Media Nav, câmera de ré, ar-condicionado automático, farol com sensor para atendimento automático, sensor de chuva, luzes auxiliares que se acendem ao virar o carro, direção eletro hidráulica, controle de estabilidade e tração, assistente de arrancada em rampas, chave-cartão que não precisa ser manuseada para dar a partida, 4 airbags, sistema Isofix de fixação de cadeiras infantis, retrovisores elétricos retráteis, controle automático de velocidade, sensores de ré e rodas de 17 polegadas. Esse pacote sai pelo preço de R$ 88.490, um valor que muitos podem considerar alto, mas que está entre 11 e 15 mil reais mais barato que versões topo de linha da concorrência.

E versão 1.6 do Captur?

A versão 1.6 do Captur utiliza um motor da família SCe, que estreou recentemente no Logan e Sandero. Embora menos potente que a 2.0, é um propulsor mais moderno e eficiente que o 2.0, beneficiando especialmente o consumo. Inicialmente, o Captur 1.6 será oferecido apenas com câmbio manual, mas a versão automática (câmbio do tipo continuamente variável / CVT) está prevista para chegar em maio.

 

* Por Marcelo Queiroz, a convite da Renault

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