AutoAnálise | Hatches médios, as próximas vítimas dos SUVs

AutoAnálise | Hatches médios, as próximas vítimas dos SUVs

Até pouco tempo atrás, os hatches médios viviam felizes com seu público cativo. Não dominavam o mercado, mas vendiam bem e eram queridos como uma opção mais descolada em relação aos sedãs. Ter um Volkswagen Golf, Ford Focus, Chevrolet Cruze, Peugeot 308, Hyundai i30, entre tantas outras opções no segmento, era sonho de consumo de muita gente.

O Honda HR-V é o “fodão do Bairro Peixoto” desde o lançamento, em 2015

Essa felicidade durou até que o território desses valorosos dois volumes fosse invadido por um já conhecido predador: os utilitários esportivos, ou SUVs. Desde então, o segmento todo vem descendo ladeira abaixo. Segundo dados da Fenabrave, na lista dos 25 carros mais emplacados do Brasil no primeiro semestre de 2017, 6 eram SUVs, ou seja, quase 25% do elenco. O Honda HR-V (23.218 emplacamentos) e o Jeep Compass (22.008) vendem como pão quente e ocupam, respectivamente, a 9ª e a 10ª posições no ranking. Na sequência, vem o Jeep Renegade em 16º (17.799), o Hyundai Creta em 17º (17.828), Ford Ecosport em 21º (14.182) e Nissan Kicks em 24º (12.766). Continuando até o 50º mais vendido, temos ainda Renault Duster, Peugeot 2008, Chevrolet Tracker, Renault Captur e Mitsubish Outlander. Se você acha que o Citroën Aircross também pode ser considerado SUV, inclua ele na 44ª posição.

Em contrapartida, o primeiro hatch médio da listagem aparece apenas na 45ª posição, o Chevrolet Cruze HB, com 3.222 unidades comercializadas. O Volkswagen Golf, antes queridinho da classe média, vem na 48ª posição com 2.461 vendas. Juntos vendem 5.683 unidades, número do qual falaremos novamente mais à frente.

O Golf continua um ótimo carro, mas já sucumbe aos SUVs

Algum casos são quase bizarros. O Focus hatch nem aparece nesse ranking, enquanto sua versão sedã, que já virou até meme de rede social pela dificuldade de ser vista nas ruas, está em 47º lugar com 2.592 vendidas, na frente do Golf. O Hyundai i30, que chegou por aqui em 2009 anunciado na TV por um locutor de voz trovejante e que logo caiu no gosto dos bem assalariados, foi perdendo fôlego, ganhou uma nova geração que não emplacou e finalmente deixou de ser vendido no mercado nacional em maio deste ano. A Fiat, que marcava boa presença com Brava e Stilo, nunca fez do Bravo um sucesso, até deixar de produzi-lo sem alarde, nem sucessor. Os italianos parece já terem tirado o time desse campo.

Há dez anos…

Em junho de 2007 as coisas eram bem diferentes. O hatch médio mais vendido era o Chevrolet Astra, que emplacou 12.316 unidades no primeiro semestre daquele ano. Sozinho, o velho Astra vendia em 2007 mais que o dobro da soma do que vendem hoje o Cruze HB e Golf (as 5.683 unidades que citamos ali em cima).

O Astra vendia em 2007 mais do que a soma do que vendem Golf e Cruze HB em 2017

Naquele mesmo período, dos 50 carros mais vendidos no Brasil, apenas 5 eram SUVs, numa lista que incluía o Ford Ecosport (12º/19.782), Mitsubishi Pajero (31º, 6.688), Hyundai Tucson (44º/3.974), Toyota SW4 (46º/3.076) e o antigo Chevrolet Tracker, derivado do Suzuki Vitara (49º/2.470). Definitivamente, os SUVs não eram essa febre toda que é hoje.

E o Futuro?

Difícil predizer qualquer coisa sobre como estará o mercado nacional em 2027, mas quem apostar no avanço dos SUVs sobre outros segmentos tem grande chance de acertar. Quem apostar que o hatches médios podem praticamente desaparecer, como aconteceu com as peruas, tem grande chance de ganhar também.

A favor dos SUVs existe o fato de que eles parecem ter mais valor agregado. Muitos consumidores tem a sensação de estar “levando mais pelo mesmo dinheiro” quando compram um SUV. Existe também a percepção, nem sempre realista, de que os SUV são mais seguros, o que conta muito em tempos de trânsito estressante e violento. Por fim, os SUVs adquiriram maior status social, reforçando seu apelo para quem deseja transmitir a imagem de ser bem sucedido.

Os hatches médios, mais versáteis, esportivos e com melhor dirigibilidade, podem sucumbir num cenário onde o consumidor vê o automóvel cada vez mais como um bem utilitário, como uma espécie de gadget destinado ao transporte, em vez de um veículo capaz de provocar emoção e prazer ao ser conduzido. O futuro do automóvel parece menos entusiástico e os hatches médios possivelmente serão as próximas vítimas desse processo.

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