Em pouco mais de uma semana a bordo do recém-lançado Renault Captur, 16 pessoas criaram coragem para tirar curiosidades sobre o modelo. Eram desde jovens que cobiçaram o desenho moderno do SUV, passando por “mamães” que queriam ver o porta-malas e senhores que foram atraídos pela combinação de duas cores da carroceria. Destes, 11 certamente se tivessem R$ 88.490 comprariam o carro. Os outros cinco afirmaram em algumas palavras: é um carro que me agradou muito mais por fora, do que por dentro”.

A Renault começou a vender em março o SUV que considera como o principal rival de Jeep Renegade, Honda HR-V e Hyundai Creta (todos já avaliados em Autopolis). Tabelado em R$ 88.490 na versão Intense 2.0, o Captur tem produção local na planta do Paraná, e atende quem procura um utilitário-pequeno confortável, espaçoso por dentro e harmonioso ao olhar.

 

Diante da estética, os belos leds de iluminação diurna em formato de C, os vincos do capô e as rodas de liga leve 17 polegadas integram a robustez da lateral: formam um conjunto extremamente bem planejado e, sobretudo, que faz muitos jovens virarem o pescoço nas ruas. As lanternas de led também se destacam, assim como os apliques emborrachados nas laterais e a pintura com teto em tonalidade diferente da carroceria (podem ser nove combinações e esse opcional sai por R$ 1.400).

Na cabine, resquícios de que pela faixa de preço e diante da concorrência, o Captur merecia mais. O plástico texturizado confere toda lateral e painel do modelo e a falta de toque macio desagrada. Há outros problemas como as saídas de ar central, que não regulam para cima, as posições dos botões de cruise control e ECO localizados abaixo do freio de mão e o trilho do banco do passageiro, que fica aparente no momento em que o assento está mais atrás.

Apesar dos pesares, a central multimídia é uma das melhores e mais rápidas do segmento. Bem intuitiva, com ótima visualização dos ícones, precisa e com toque rápido na tela de sete polegadas, a tecnologia “rouba a cena” do painel e ganha a confiança do usuário. Além da conectividade ser simples, seja via USB ou até mesmo pareamento de smartphone, o sistema oferece configurações didáticas: basta ver que ligar e desligar a central se torna ação fácil (como deve ser) por meio de um botão externo. Alterar volumes e alternar faixas de música ou estações de rádio também podem ser feitos pelo botão atrás do volante (costume da marca). E dar a opção de espetar um pen drive na própria multimídia é o melhor caminho.

Estão disponíveis ainda ao toque dos dedos a função Eco Scoring, que avalia o jeito de dirigir do motorista levando em consideração as trocas de marchas, consumo de combustível e quilometragem percorrida, e a Eco Coaching, que orienta para uma condução mais econômica. O modelo conta também com câmera de ré, com imagem de boa definição na tela da central multimídia. Só não espere por imagens nítidas em condições de luminosidade baixa.

O porta-malas tem boa capacidade de carga, mas o detalhe questionável é o estepe instalado do lado de fora, sob o assoalho. A operação de retirada não é cômoda, principalmente com o carro sujo após uma chuva ferrenha. Nada prático.

 

UM DUSTER DISFARÇADO? SOB O CAPÔ, SIM!

Captur usa os mesmos motor e câmbio automático de quatro marchas do Duster. Um grande inconveniente, já que o carro tem estilo bacana, boa solução de espaço interno e ampla lista de equipamentos de série. O desempenho seria melhor se o modelo fosse equipado com um câmbio mais moderno, como o de seus concorrentes. A Renault promete resolver em parte o problema com o Captur usando o câmbio CVT, mas para a versão 1.6 – que deve ser lançada entre o final deste mês e começo de agosto.

Enquanto isso, o bloco 2.0 e a caixa de quatro marchas cansam qualquer tipo de consumidor. Diferente da transmissão de quatro marchas encontrada no Toyota Etios (que não requer uma quinta, pois é bem ajustada e com trocas precisas), no Captur é melhor cambiar do que esperar o Drive. Em algumas ocasiões a transmissão segura as marchas mais pesadas e “arrasta” mesmo quando o giro do motor já pede arrego. Em outras, confere trocas imprecisas quando o carro ainda deslanchava suavemente. Isso influencia diretamente no consumo: 6,8km/l com gasolina, registrado pelo computador de bordo. Na estrada, com o mesmo combustível, a melhor marca foi 12km/l. O 2.0 é um motor eficiente para o carro, com bons torque e potência, proporcionando arrancadas e retomadas de velocidade razoáveis. Falta o cuidado final.

A direção com assistência eletro-hidráulica foi bem calibrada e, com bom diâmetro de giro, facilita as manobras e garante segurança em velocidades mais elevadas. As suspensões também são equilibradas e garantem boa estabilidade em curvas e relativo conforto ao trafegar.

 

MAS ENTÃO, DEVO COMPRAR?
Se você não prioriza desempenho e está preparado para gastar no posto de combustível, o Captur vai bem na sua garagem. Embora fique devendo alguns itens de conforto e tecnologia presentes em rivais, como saída de ventilação para o espaço traseiro, o Captur topo de linha tem melhor preço que os rivais. Honda HR-V EXL custa quase R$ 13 mil a mais e Hyundai Creta Prestige R$ 11 mil acima. Diante do design, não há o que falar, só contemplar.

QUANTO CUSTA?
O Renault Captur Intense 2.0 tem preço inicial de R$ 88.490, mas com todos os opcionais chega a R$ 92.890.

FICHA TÉCNICA

» MOTOR
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 1.998cm³ de cilindrada, 16 válvulas, flex, que desenvolve potências de 143cv (gasolina) e 148cv (etanol) a 5.750rpm, e torques de 20,2kgfm (g) e 20,9kgfm (e) a 4.000rpm;

» TRANSMISSÃO
Tração dianteira, com câmbio automático de quatro marchas;

» SUSPENSÃO/RODAS/PNEUS
Dianteira, independente, do tipo McPherson, com triângulos inferiores; e traseira semi-independente, com barra estabilizadora/de liga leve de 7×17 polegadas/215/60 R17;

» DIREÇÃO
Do tipo pinhão e cremalheira, com assistência eletro-hidráulica;

» FREIOS
A discos ventilados na dianteira e tambores na traseira;

» CAPACIDADES
Do tanque, 50 litros; e de carga útil (passageiros mais bagagem), 449 quilos.

» VEJA OS EQUIPAMENTOS DE SÉRIE E OPCIONAIS

Faróis elípticos, lanternas traseiras com LEDs em efeito 3D, luzes diurnas de LED, roda de liga leve diamantada aro 17 polegadas, ar-condicionado automático, alerta sonoro de faróis ligados, banco do motorista com regulagem de altura, bancos traseiros com encosto e assento rebatível 1/3 2/3, câmera de ré traseira, chave-cartão hands free com walk away closing, computador de bordo, direção eletro-hidráulica, função Eco Mode, indicador de troca de marcha (GSI), piloto automático (regulador e limitador de velocidade), retrovisores externos com regulagem elétrica e rebatíveis eletricamente, sensores crepuscular, de chuva e de estacionamento traseiro, vidros dianteiros e traseiros com função “one touch”, sistema antiesmagamento e fechamento pela chave, volante com regulagem de altura, quatro air bags (frontais e laterais), alarme perimétrico, alerta visual e sonoro de não travamento do cinto de segurança do motorista e passageiro, assistente de arranque em subida (HSA), controle eletrônico de estabilidade (ESP), controle eletrônico de tração (ASR), faróis de neblina com LED e função cornering, freios ABS com AFU, sistema CAR – Travamento automático das portas a 7km/h, sistema de fixação para cadeirinhas ISOFIX, conexão Bluetooth® para áudio e telefone, comando de áudio e celular na coluna de direção (Comando Satelite), sistema multimídia Media NAV com tela touchscreen sete polegadas e navegação GPS e 3D Sound by Arkamys com conexão USB e auxiliar, função Eco-Coaching e Eco-Scoring integrado ao Media Nav.

» OPCIONAIS
Bancos revestidos em couro e pintura biton.

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