Durante o lançamento da décima geração do Civic, em agosto, a Honda deu atenção especial às versões intermediárias EX e EXL e à variante topo de linha Touring, equipada com o inédito motor 1.5 turbo. Na última semana, a marca japonesa promoveu uma apresentação mais detalhada da configuração de entrada Sport, a única que oferece câmbio manual e se destaca pelo visual esportivo. Com essa versão, a Honda mira novos clientes de sedãs médios, principalmente o público mais jovem, que considera a aparência mais arrojada um dos fatores determinantes na hora de comprar um carro.
O visual invocado do Civic Sport é caracterizado pela grade dianteira pintada de preto e pelas rodas de liga leve de 17 polegadas escurecidas. Mas a esportividade termina aí, pois o sedã é equipado com o conhecido motor 2.0 16V i-VTEC flex, que desenvolve 150 cv de potência com gasolina e 155 cv quando abastecido com etanol, herdado da geração anterior e compartilhado com as versões EX e EXL.
Com preço inicial de R$ 87.900, o Civic Sport sai de fábrica equipado com câmbio manual de seis marchas – o mesmo da configuração de entrada do HR-V, porém, com relações alongadas. Já a variante dotada da caixa automática do tipo CVT, que simula sete marchas acionadas pelas borboletas atrás do volante, parte de R$ 94.900.

Como as demais versões do Civic, a Sport não possui opcionais. De série, o sedã traz direção elétrica, ar digital, computador de bordo, seis airbags (frontais, laterais e de cortina), controles de estabilidade e tração com vetorização de torque, ganchos Isofix para a fixação de cadeirinhas infantis no banco traseiro, controle de cruzeiro, faróis de neblina, assistente de partida em rampa, freio de estacionamento eletrônico com função Auto Hold, sistema de áudio com MP3, Bluetooth e quatro alto-falantes, câmera de ré.
O visual invocado da bela carroceria com perfil de cupê e detalhes escurecidos no lugar dos cromados atrai olhares por onde passa, porém, contrasta com a sobriedade da cabine. Por dentro, o Civic Sport é bem acabado, segue o padrão Honda com materiais de boa qualidade e montagem correta, mas sem refinamento. Essa simplicidade poderia ser atenuada com a aplicação de detalhes exclusivos, como emblemas e costuras vermelhas nos bancos de tecido – que não fazem jus a um carro que passa dos R$ 90 mil. Caso o cliente queira revestimento de couro, terá de pular para a versão EX, pois a Honda não recomenda a instalação desse material em lojas especializadas sob o risco de comprometer o funcionamento dos airbags laterais em caso de acidente.

Em termos de conforto, fica nítida a evolução da nona para a décima geração do Civic. O espaço interno acomoda tranquilamente quatro adultos, apesar de os passageiros do banco traseiro não contarem mais com o assoalho plano. Em contrapartida, o porta-malas teve a sua capacidade aumentada de 449 litros para 525 litros. Agradam também o isolamento acústico e o bom acerto das suspensões, independentes nas quatro rodas. O rodar do sedã está mais macio em pisos irregulares, mas sem comprometer a estabilidade na estrada.
Graças ao controle de vetorização de torque, chamado pela Honda de Agile Handling Assist (AHA), o Civic continua sendo um carro bom de contornar curvas. O sistema atua freando suavemente as rodas do lado interno da curva para manter o veículo na trajetória apontada pela direção elétrica de respostas rápidas. De acordo com a Honda, o recurso antecipa a atuação dos sistemas de estabilidade e tração, que entram em ação para corrigir possíveis escorregadas da frente ou da traseira que o AHA não consegue evitar.

Embora o desempenho do motor 2.0 aspirado não corresponda ao visual intimidador, o Civic Sport agrada pela boa dirigibilidade, favorecida pela solidez da estrutura e pelas suspensões bem calibradas. No caso da variante manual, a pequena alavanca de engates curtos e precisos é do tipo que faz a alegria de quem gosta de uma tocada mais esportiva. Ainda mais pelo fato de o propulsor entregar o torque máximo a elevadas 4.800 rpm, a transmissão obriga o condutor a fazer constantes reduções de marchas para fazer o Civic recuperar o fôlego em retomadas e ultrapassagens na estrada.
Já a caixa CVT prioriza o conforto, mas não deixa de proporcionar um pouco de diversão quando o modo esportivo é acionado (faz o motor trabalhar em rotações mais altas) ou o motorista decide fazer as trocas das marchas simuladas nas borboletas atrás do volante.

O Civic Sport está longe de ser um carro frustrante, mas o seu conjunto mecânico não entrega a mesma disposição (e eficiência) dos modernos motores turbinados de baixa cilindrada utilizados em alguns concorrentes. A Honda não divulga números de desempenho, que deixaremos para aferir com o Instituto Mauá de Tecnologia em um teste mais detalhado no futuro.
Em sua nova geração, o Civic mostra que tem condições para incomodar a hegemonia do Toyota Corolla, o atual líder do segmento de sedãs médios. Mas peca pela simplicidade em alguns detalhes, como a central multimídia que consegue ter menos recursos que a do arquirrival. Segundo a Honda, o Civic Sport será a variante menos comercializada do sedã, com 24% (3% da manual) das vendas. A marca aposta mais nas versões EX (R$ 98.900) e EXL (R$ 105.900), que juntas responderão por 48% do mix. A topo de linha Touring (R$ 124.900), equipada com o motor 1.5 turbo de 173 cv, vem em segundo lugar com 28% das vendas.
Teste-drive a convite da Honda
Fotos: Divulgação e Guilherme Silva
Ficha técnica
| Honda Civic Sport |
Preços | R$ 87.900 (manual) / R$ 94.900 (CVT) |
Motor | Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 16 válvulas, comando simples de admissão, aspirado, a gasolina e/ou etanol |
Cilindrada (cm³) | 1.997 |
Potência (gasolina/etanol) | 150/155 cv a 6.300 rpm |
Torque (gasolina/etanol) | 19,3/19,5 kgfm a 4.700/4.800 rpm |
Freios dianteiros | Discos ventilados com ABS e EBD |
Freios traseiros | Discos sólidos com ABS e EBD |
Suspensão dianteira | Independente tipo McPherson |
Suspensão traseira | Independente multilink |
Rodas | Liga leve de 17 polegadas |
Pneus | 215/50 R17 |
Direção | Elétrica |
Peso em ordem de marcha (kg) | 1.275 (manual) / 1.285 (CVT) |
Comprimento (metros) | 4,63 |
Largura (m) | 1,80 (2,07 m com espelhos) |
Altura (m) | 1,43 |
Distância entre-eixos (m) | 2,70 |
Volume do porta-malas (litros) | 525 litros |
Tanque de combustível (litros) | 56 litros |
Transmissão | Manual de 6 marchas / CVT com simulação de sete velocidades |
Tração | Dianteira |
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