Assim como um bom vinho melhora com o tempo, a evolução de um carro tenta aprimorar o que era oferecido no passado. Seja em performance, segurança ou conforto, o novo sempre será superior ao velho. Ou pelo menos deveria ser assim. Na prática, alguns casos de carros novos mostram que é possível comprar seu similar usado melhor e mais completo. Listei nove casos emblemáticos cujos sucessores merecem um cartão vermelho do consumidor. Confira:
Honda Fit (terceira geração)
Na minha coluna sobre custo x benefício, aqui no Carsale, recebi vários comentários de leitores que, por verem nesse Honda uma boa relação, questionaram-me sobre a não inclusão do modelo no texto. A verdade é que o Fit é um ótimo carro, mas longe de custar pouco pelo que oferece. A Honda conseguiu uma reputação invejável, a ponto de cobrar caro por seus produtos e, mesmo assim, conseguir bons números de venda. Mas precisava depenar o Fit nessa terceira geração? Freios a disco na traseira e ar-condicionado automático digital ficaram no passado. Nem a versão mais cara, EXL, oferece esses equipamentos, sendo que na geração anterior, a intermediária EX os tinha. Já o controlador de velocidade, item que aprecio bastante, foi sacado da EX em 2015, mas felizmente voltou em 2016.
Volkswagen Golf
Em sua terceira geração no Brasil (sétima na história), o Golf veio importado da Alemanha recheado de equipamentos e motores modernos. Desde o lançamento, já sabíamos que o modelo passaria a ser importado do México assim que a produção do modelo iniciasse naquele país. No entanto, quase ninguém sabia que o Golf mexicano perderia o freio de estacionamento eletrônico. Um ano depois, quando passou a ser fabricado no Brasil, itens mais relevantes foram retirados do hatch. A Volks substituiu a refinada suspensão traseira multilink e o câmbio automatizado DSG de dupla embreagem com sete marchas pelo sistema de eixo de torção e a transmissão automática Tiptronic de seis marchas, respectivamente. O Golf continua sendo um carro bem acertado, mas o anterior era melhor. No mercado de usado, o alemão é o mais cobiçado. Felizmente, a nacionalização não afetou a esportiva versão GTi.
Chevrolet Montana
A bem acertada picape compacta Montana nasceu a partir da segunda geração do Corsa nacional. Era moderna para a categoria, com adoção de subchassi na dianteira e um torcudo motor 1.8, bem adequado para um veículo de carga. Anos depois, com o surgimento do Agile, um carro baseado no Corsa de primeira geração, a Chevrolet aproveitou e atualizou a sua picape pequena. Veja que houve um retrocesso de geração. Além de disponibilizar apenas o motor 1.4 – que também estava na anterior -, ela possui um design contestável. Gostaria de saber se existe alguém que acha a atual Montana mais bonita que a antiga. Não por acaso, ela ganhou o apelido de “Monstrana”.
Chevrolet Spin
Já peguei no pé da Spin em outras colunas, é verdade. Mas como ficar indiferente com um carro que nasceu todo desproporcional? O desenho da dianteira não “conversa” com o da traseira, que, consequentemente, não combinam com o do perfil. Compará-la com sua antecessora, a Zafira, é um insulto! O antigo monovolume baseado no Astra chegou a ter motor 2.0 com 16 válvulas, airbags laterais, teto solar elétrico, ar-condicionado automático e acabamento mais refinado em algumas versões. A inteligente solução da terceira fileira de bancos não foi copiada na sucessora. Mesmo a Spin sendo mais simples que a Zafira, o “setor de corte de custos” da fabricante tirou itens ao longo dos anos, como é o caso da regulagem de altura dos fachos dos faróis e das lanternas de neblina traseira, itens que a versão LTZ da Spin tinha, mas não tem mais.
Renault Clio
Sou fã do Clio e já deixei isso claro em outras colunas. Mas o Clio é um carrinho que foi mais completo no início. Essa atual e longeva geração já contabiliza 16 anos de Brasil e teve várias versões interessantes. Nem todos se lembram, mas por um bom tempo tivemos o girador e potente motor 1.6 16v no levíssimo Clio. O ápice foi a versão Privilège, com equipamentos e acabamento que jamais veríamos novamente. Cortaram o veludo, controle de som no volante, espelhos elétricos, revestimento nas portas e no porta-malas, faróis de neblina, rodas de liga leve… Enfim, um Clio usado é bem mais interessante que um Clio novo.
Toyota Corolla
O campeão de vendas da categoria dos sedãs médios não regrediu com o tempo, mas está nesta lista em função de um acessório cuja ausência considero imperdoável: teto solar. Poucos sabem, mas alguns Corollas dos anos 90, quando ainda eram importados, tinham esse opcional. Ora, se tinham, por que não têm mais?
Chevrolet Vectra
O terceiro Chevrolet da lista nem é mais fabricado, mas a sua terceira geração foi muito criticada na época do lançamento por não passar de um Astra europeu. Continuou sendo um ótimo carro, mas a GM forçou a barra. Com isso, ele perdeu em acabamento em relação à segunda geração. A principal perda, no entanto, foi em dirigibilidade, uma vez que o eixo de torção entrou no lugar do sistema multilink na suspensão traseira.
Opel Astra europeu que fez o papel da terceira geração do Vectra no Brasil
Verdadeiro Opel Vectra de terceira geração, que não tivemos no Brasil
Hyundai i30
O i30 foi um dos divisores de água da Hyundai no mercado nacional. Ele elevou o nível da categoria quando chegou com seis airbags, controle de estabilidade e tração, entre outros equipamentos. Com um visual mais moderno, a segunda geração tinha tudo para arrebentar. No entanto, decepcionou no motor. Enquanto o antigo tinha um 2.0 litros de 145 cv, enquanto o novo chegou em 2013 só com o 1.6 de 128 cv (o mesmo do HB20), e ainda por cima mais caro. Somente um ano depois a fabricante corrigiu essa falha, com o atual 1.8 de 150 cv. Hoje em dia, quem procura um i30 usado geralmente quer um pré-2012 ou um pós-2014; poucos compradores se interessam pelo 2013.
Hyundai Tucson
O robusto SUV da Hyundai parece ser avesso a mudanças, já que é praticamente o mesmo desde o seu lançamento. A realidade é que quem busca um Tucson tão completo quanto o ix35 mais equipado só vai conseguir encontrá-lo no mercado de usados. A antiga versão V6, além de contar com o motor de 170 cv de funcionamento suave, vinha com seis airbags, controles de tração e estabilidade, tração integral e teto solar. Jamais veremos isso em um Tucson zero quilômetro.
E aí, o que você achou da lista? Mande os seus comentários. Gostaria de saber a sua opinião e se há algum outro modelo usado que você considere melhor que o sucessor. Até a próxima!
Felipe Carvalho é o primeiro caçador profissional de carros do Brasil. Acesse o site www.cacadordecarros.com.br e saiba mais. Inscreva-se no canal do Caçador de Carros no YouTube e curta a página de Felipe no Facebook.
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