
Hamilton, o rei de Monza: quarta vitória na Itália, sexta no ano, 59ª na carreira
RIO (resumindo) – Achei que depois da corrida Verstappinho iria soltar seus cães de tamancos sobre Massa, mas nem isso. O holandês ficou bravo na hora do pneu furado, mas depois sossegou o facho. Achei que a Ferrari poderia entrar em crise por ver seu ex-líder chegar mais de 36s atrás do vencedor da prova, mas o discurso foi “nas próximas pistas a gente vai andar bem” e “o que importa não é liderar o campeonato, mas sim vencê-lo”. Pff.
Só mesmo o presidente Sergio Marchionne ensaiou alguma crítica, tipo “foi embaraçoso“, mas ele não é um Luca di Montezemolo, que quando reclamava fazia tremerem as bases de toda a região de Modena. Marchionne está mais preocupado em vencer a Fiat-Chrysler para os chineses do que com corrida de F-1. Falou por falar. E como mencionar “crise” no dia em que a Ferrari renova com a Philip Morris no contrato de patrocínio mais esquisito do mundo, já que é proibido fazer propaganda de cigarro na F-1 há mais de dez anos?
Assim, o rescaldo do GP da Itália está tão morno quanto foi a corrida. Até a foto escolhida para abrir esta aguardadíssima postagem não tem nada de muito especial. Nada de polêmicas, nada de desespero, nada de muito especial, na verdade. Ricciardo, com justiça, ganhou do amigo internauta o título de “Piloto do Dia”. Algumas de suas ultrapassagens foram muito bonitas e ele se divertiu à beça no Parco di Monza.
De fato, ninguém teve uma atuação mais destacada que ele, saindo de 16º no grid para quarto no final. Isso depois de fazer o terceiro tempo na classificação. Mas perdeu 20 posições no grid por troca de componentes do motor e mais cinco por troca de câmbio. Não só ele. Nada menos do que nove pilotos sofreram punições após o treino que definiu o grid, fazendo com que apenas Hamilton mantivesse a posição original conquistada no sábado. Não é incrível? Montar o grid, com tanta gente punida e perdendo de 5 a 35 posições, foi um quebra-cabeça dos infernos. O que nos leva ao…
NÚMERO DE MONZA
…posições, no total, foi a soma das punições a esses nove pilotos, a saber: 10 para Sainz Jr. (motor), 35 para Alonso (motor), 25 para Ricciardo (motor e câmbio), 20 para Verstappen (motor), 10 para Hülkenberg (motor), 15 para Palmer (motor), 25 para Vandoorne (motor), 5 para Grosjean (câmbio) e 5 para Pérez (câmbio). Com isso, Magnussen, eliminado no Q1, acabou largando em… décimo! A última fila teve Grosjean e Alonso. Como chegaram a essa formação, não sei direito.
Muita gente ficou estrilando pelas redes sociais porque Massa não passou Stroll, apesar de ter ficado muitas voltas colado no jovem parceiro, e em várias delas podendo abrir a asa móvel.
Acho que entendo. Havia o risco de uma colisão, como quase aconteceu na última volta, tirando os dois da corrida. Seria uma burrada monumental. A Williams precisa dos pontos. Conseguiu dez ontem, subindo para 55. A Toro Rosso, sua mais direta perseguidora, zerou e estacionou nos 40.
Pontos no Mundial são importantes para montar o orçamento da temporada seguinte. A premiação em dinheiro que cada equipe leva por sua posição final na tabela pesa muito na hora de fazer o balanço financeiro do ano. Por isso, para a Williams, manter o quinto lugar no campeonato é fundamental. E a briga está boa. Porque além da Toro Rosso, Haas (35) e Renault (34) também namoram o top-5. Os quatro primeiros parecem definidos e dificilmente haverá alguma alteração na ordem: Mercedes, Ferrari, Red Bull e Force India.
Assim, Massa está perdoado. Melhor dez pontinhos na mão do que zero voando pelas caixas de brita de Monza.
Já a Mercedes fez o máximo possível, 43, pela terceira vez no ano — as outras dobradinhas foram no Canadá e na Inglaterra. Mas Hamilton segue cauteloso porque sabe que a Ferrari ainda tem força para reverter o quadro. Afinal, ele precisou de nada menos do que 13 corridas para assumir a liderança. Por isso, já avisou:
A FRASE ITALIANA

“Beast mode”: vai precisar
“Vai continuar sendo uma disputa muito apertada até o fim, e por isso tenho de manter ligado o ‘beast mode’ até a última bandeira quadriculada da última corrida do ano.”
“Beast mode”, modo besta-fera, gostei do nome que Lewis Hamilton escolheu para definir seu estilo nesta temporada.
Uma fera ficou Alonso de novo, com outro abandono. Mas, desta vez, o problema foi num sensor do câmbio, que estava dificultando que ele subisse as marchas de modo apropriado. Por precaução, a McLaren pediu que ele parasse no final da corrida, abandonando depois de 50 voltas. Vandoorne, por sua vez, quebrou o motor, mesmo, embora tenha trocado toda a unidade de sábado para domingo.
Ou seja, a Honda segue na merda. E, apesar disso, FIA e Liberty fazem gestões para que os japoneses não abandonem a categoria, deprimidos e derrotados, uma vez que a McLaren está aparvalhada atrás de outro motor — negocia com a Renault, que é o que sobrou, mas se a Lada oferecer alguma coisa é capaz que peguem. Se a equipe inglesa conseguir fechar com os franceses, restará à Honda tentar uma negociação com a Toro Rosso. E olhe lá.
Numa corrida tão previsível, o que sobrou de bom e ruim para nosso “Gostamos & Não gostamos”? Terei de apelar para o sábado.
GOSTAMOS

Stroll: ótimo na chuva
…do ótimo quarto tempo na classificação que <<< Lance Stroll fez na chuva. Com as punições à Red Bull, pulou para segundo no grid e tornou-se o mais jovem a largar na primeira fila de um GP. No fim, acho que fomos (fui) injustos com o rapazinho. Começou mal o ano, é verdade. Mas já tem até pódio.

Max: apressadinho
NÃO GOSTAMOS
…da pixotada de Max Verstappen >>> na refrega com Massa, logo na terceira volta. É muito cedo para tentar uma manobra que sempre carrega algum risco. Muitas vezes uma ultrapassagem tem de ser construída em três, quatro, cinco voltas, até o bote definitivo. O menino anda meio afoito.
E acho que mais do que isso não precisa falar sobre o enfadonho programa dominical italiano. Mesmo assim, se depois de escrever tudo isso vocês não entenderam ainda que não gostei da corrida, OK, eu desenho.
Melhor dizendo: nosso cartunista oficial Maurício Falleiros desenha.
Falle1ros

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