DO DIA NA HUNGRIA (2)

SÃO PAULO (sempre fecha) – Foi zoado, deu pintas de grid embaralhado, mas no fim, a lógica prevaleceu. E o grid do GP da Hungria terá duas Mercedes na primeira fila. Rosberguinho cravou Hamilton. Contou com ajuda externa — uma bandeira amarela causada por Alonso quando Lewis fazia sua última volta rápida no Q3. Mas azar dele, Hamilton. Nico não tinha nada com isso. E fez a 26ª pole de sua carreira, quarta no ano — depois de brevíssimo jejum de duas corridas. Massa bateu e larga em 18º. Nasr, não muito melhor, é o 16º no grid.

Poucas vezes se viu um Q1 tão tumultuado. A chuva que despencou sobre a região de Hungaroring fez com que a direção de prova adiasse seu início em 20 minutos. Até o safety-car aquaplanou. Quando começou, cinco minutos de tempestade forçaram uma nova paralisação. Mais 15 minutos, bandeira verde de novo, até… Ericsson bater, nova vermelha depois de mais cinco minutos. Um caos. Restavam 9min para o fim da sessão.

Às 9h55 daqui, pista liberada mais uma vez. Sainz quase bate no safety-car. Uma zona monumental. Alguns colocaram intermediários. Então, quem bateu forte foi Massa. Adivinhem? Bandeira vermelha. Uma delícia. Faltando 5min para zerar o cronômetro, o líder da tabela de tempos era Nasr com 1min39s500! Para lembrar, no seco os melhores tempos da Mercedes foram obtidos na casa de 1min20s.

A remoção do carro de Massa foi rápida e às 10h07 os boxes foram abertos uma vez mais. A bagaça, que em condições normais de temperatura e pressão iria das 14h às 14h18 locais, já passava de uma hora de duração. Todos saíram, agora, com intermediários. Incrivelmente havia até sol em alguns trechos.

Com os intermediários, e a pista melhorando ligeiramente, cada um saiu dos boxes para pelo menos duas voltas rápidas. Alguns tentariam três. Os tempos começaram a baixar dramaticamente, como diz meu amigo Sormani. E então? Claro, bandeira vermelha. Já perdi as contas de quantas. Haryanto foi o piloto da vez. Restava 1min18s para o fim do Q1. Ninguém mais teria tempo de nada. E a direção encerrou a bagunça, degolando Palmer, Massa, Magnussen, Ericsson, Wehrlein e Haryanto. A ordem, lá do outro lado, entre os mais rápidos, ficou sendo Rosberg, Hamilton, Alonso (como anda no molhado, esse moço…), Vettel e Grosjean. Os demais se viraram e fizeram seus tempinhos.

A chuva parou. Quanto o asfalto novo levaria para secar, ninguém sabia. Bottas foi o primeiro a colocar slicks. Hamilton tinha 1min31s5 com intermediários. O finlandês da Williams veio sambando lindamente. Mas virou quase 1s melhor que Lewis, então estava na cara: o novo asfalto era de secagem rápida. Slicks para todos.

Chamou a atenção a quantidade de voltas anuladas pela direção de prova por conta do abuso de alguns pilotos, ultrapassando os limites da pista em pontos que foram classificados como de “tolerância zero”. Com o cronômetro zerado, até Rosberg estava fora do top-10. Mas estava todo mundo na pista. E na medida em que foram completando suas voltas, as zebras foram desaparecendo — uma delas, Alonso em primeiro mais de uma vez. No fim, deu Verstappinho em primeiro com 1min26s660. Dançaram Grosjean, Kvyat, Pérez, Raikkonen, Gutiérrez e Nasr. Não é preciso dizer que o título de vexame do dia ficou para Kimi.

Passaram Verstappen, Rosberg, Ricciardo, Alonso, Hülkenberg, Vettel, Button, Bottas, Sainz e Hamilton. Palmas para a McLaren, levando seus dois carros para o Q3. Que aconteceria com pista seca e sol, chances maiores de dar a lógica depois de tanta confusão. Tanta, que Lewis passou na bacia das almas, 0s1 mais rápido, apenas, que Grojã.

Apesar da plaquinha “wet track” na saída de box, o Q3 começou mesmo com sol e asfalto bom o bastante para todo mundo seguir com os supermacios. O trilho era suficientemente seco e seguro. A primeira bateria de voltas restabeleceu a ordem natural das coisas, com Hamilton e Rosberg virando na casa de 1min20s de novo. Vantagem de 0s391 para o inglês, o que era preocupante para o líder do Mundial.

Na segunda tentativa, Nico-Nico no Fubá melhorou, mas ainda estava 0s093 atrás do companheiro. A Red Bull confirmava sem muitas dificuldades a condição de segunda força do campeonato, com seus dois carros atrás da dupla da Mercedes. A diferença de Ricardão para Comandante Amilton era de aceitáveis 0s172. Não dava para reclamar do carro, não.

E o final foi sensacional. A terceira rodada de voltas rápidas começou com toto mundo justinho no cronômetro, abrindo volta a segundos da quadriculada. Verstappen não conseguiu. A dupla da Mercedes, sim. Mas… Alonso rodou, na frente de Hamilton, causando uma amarela que estragou a volta de todos que vinham atrás. Rosberg não era um deles. E o alemão, numa volta extraordinária, cravou 1min19s965 e tirou a pole de Hamilton por pentelhésimos de segundo.

E o grid ficou, pela ordem, com Rosberguinho, Comandante Amilton, Ricardão, Verstappinho, Tião Italiano, Sainz Idade, El Fodón de La Clasifición, Bonitton, Hulk e Sapattos. Pode-se dizer que deu a lógica, McLaren à parte — embora fosse previsível que o time de Woking andaria direitinho numa pista travada como a de Budapeste.

É a chance de Rosberguinho se recuperar no campeonato de seu breve inferno astral. Vai ser bom, amanhã.



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