MONT-MELHORES (3)

SÃO PAULO (foda demais) - Há muito a se falar sobre o GP da Espanha. Mas antes da elegia a Max Verstappen, duas coisinhas.

A primeira: o que aconteceu na Mercedes é realmente inaceitável. Mas não se pode colocar os dois pilotos no mesmo balaio e sair falando, genericamente, que “as coisas precisam mudar nessa equipe!”. Não. O que está errado na Mercedes é Lewis Hamilton. Com todo respeito e reverência ao seu passado recente, que é nada menos do que exuberante, não pode. Não pode se comportar desse jeito infanto-juvenil de criancinha que não sabe brincar.

Lewis perdeu a ponta na largada. “Fair and square”, como se diz. Mas antes da terceira curva da primeira volta tentou uma manobra suicida, meteu o carro na grama, rodou e acertou Rosberg, que partiria para mais uma provável vitória.

Nico defendeu a posição na maior das normalidades. Absolutamente nada de errado. Hamilton foi afobado, inábil, arrogante na tentativa, impaciente, burro e, no limite, desonesto com sua equipe e seu companheiro. Há limites. Uma coisa é ser aguerrido, lutador. Outra, bem diferente, é ser irresponsável e leviano. Ninguém tem o direito de acabar com a corrida de outro piloto desse jeito.

Para o público externo, depois de se reunir com os pilotos e a cúpula do time no motorhome mercêdico, Toto Wolff descreveu o que aconteceu como “incidente de corrida entre dois pilotos lutando por posição”. Falou também que ambos se desculparam com o time. Claro que nenhuma crise será alimentada de dentro para fora. Mas ainda quero ver o que vão dizer os pilotos individualmente, se é que será autorizados a falar.

A segunda: a Ferrari foi humilhada. Ainda não sei direito o que aconteceu com o carro de Vettel para que ele fizesse aquela terceira parada antes do previsto, praticamente tirando dele a chance de lutar pela vitória. E me incomoda um pouco a passividade de Raikkonen. Ele não tentou passar Verstappinho nenhuma vez, embora tenha ficado mais de dez voltas a menos de um segundo do jovem holandês. Nenhuma tentativa real, zero.

Acho pouco para quem tem nas costas um título mundial, um caminhão de GPs nos ombros, para quem correu com o pai do menino. Faltou disputa. Eu, se fosse chefe da Ferrari, questionaria o comportamento de meu piloto. Há uma frase de Lamarca: ousar lutar, ousar vencer. Kimi não fez nem uma coisa, nem outra.

Já voltamos.



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