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Prudência com os elétricos [Coluna Fernando Calmon]

Organizar, desde 2002, uma exposição focada apenas em carros elétricos em um país que dispõe de frota registrada de cerca de 400 unidades movidas a bateria, somente a partir dos últimos quatro anos, é realmente demonstração de persistência. Assim mesmo, Ricardo Guggisberg continua animado e abriu esta semana em São Paulo, em parceira com a Nürnberg Messe Brasil, a 14ª edição do que pode se chamar simplificadamente de Salão do Veículo Elétrico. Nos dois primeiros dias, dos três do evento, um congresso debateu os cenários atual e futuro no Brasil e no mundo.

Como esta coluna tem enfatizado é preciso separar bem híbrido de elétrico. O termo híbrido elétrico (plugável) deve se aplicar apenas aos veículos que possuem motor a combustão e outro elétrico de baixa autonomia (50 a 60 quilômetros). Sua bateria bem menor e, portanto, menos cara pode ser recarregada tanto pelo motor convencional quanto numa tomada. Grande vantagem é abastecer em postos de combustível e eliminar ansiedade causada pela descarga da bateria.

Existe ainda o que se classifica de elétrico híbrido. Tração puramente elétrica, silenciosa e de ótimo desempenho, mas um gerador acionado por motor a combustão provê autonomia extra. Exemplos: BMW i3 Rex vendido aqui e Nissan Note e-Power, no Japão.

Entre as várias previsões feitas durante o congresso não ficou muito claro como os compradores dividirão suas preferências no futuro. Híbridos convencionais, como Toyota Prius e praticamente toda linha Lexus, deverão crescer em curto prazo. Os chamados híbridos plugáveis podem se transformar na tecnologia de transição mais prudente até se chegar ao automóvel elétrico puro. Mas ao se estimarem números há muita desinformação e uso inadequado do termo “eletrificado” que coloca no mesmo balaio soluções bastante diferentes.

Até no Brasil há confusão quanto à diminuição de carga tributária, dentro do programa Rota 2030, para incentivar os meios alternativos de propulsão. Um híbrido básico (Prius), por exemplo, só recebeu um ponto percentual de desconto de IPI. No caso do i3 Rex esse imposto chegou até a subir. A legislação criou faixas de taxação que combinam peso e eficiência energética de forma difícil de ser atendida por um veículo elétrico a bateria.

Mesmo na Alemanha a calibragem dos incentivos falhou. Metade dos fundos alocados no orçamento federal para compensar em parte o alto preço dos carros elétricos “encalhou” pela ausência de compradores. A frota alemã de elétricos e híbridos somados atingiu 110.000 unidades no ano passado. A meta era de um milhão só de elétricos em 2020, longe de ser alcançada, mesmo que as vendas estejam crescendo hoje a partir de bases comparativas muito baixas.

Estudo recente da consultoria Bloomberg explica os problemas decorrentes de investimentos pesados em fábricas de baterias de íons de lítio. Elas podem deixar de ser a solução definitiva pelo custo da matéria-prima, apesar de seu preço ter caído 80% em oito anos. Insuficiente, porém, para baratear o automóvel elétrico de forma atraente. Ainda devem em peso, volume, densidade energética e cargas rápidas contínuas sem comprometer sua durabilidade.

ALTA RODA

PLACAS de veículos padrão Mercosul estrearam no Rio de Janeiro este mês e, no restante do País, previsão é até dezembro. Preço manteve-se em R$ 214,57 (o par), mas um penduricalho prejudica os donos de veículos. Trata-se dos brasões dos municípios e bandeiras dos estados, não previstos no padrão acordado. Obrigará comprar novo par de placas nas transferências entre cidades. Uma vergonha.

COLEÇÃO de automóveis antigos e clássicos de alto nível de Og Pozzoli, falecido em novembro do ano passado aos 87 anos, terá sua integridade e preservação garantidas. Fundação Lia Maria Aguiar adquiriu todo o acervo e construirá um museu em Campos do Jordão (SP) exclusivamente para esse fim. Inauguração prevista para 2020. Exemplo a ser seguido.

KA FREESTYLE destaca-se como o mais discreto entre os pseudoutilitários. Há relativamente poucos apliques externos. Altura livre do solo razoável para enfrentar quebra-molas, valetas e buraqueira de sempre. Acabamento interno podia ser menos simples. ESP, conjunto de seis airbags e motor tricilindro 1.500 cm³ de 136 cv (etanol) destacam-se. Porta-malas perde para concorrentes.

SISTEMA conhecido como Mercado Pago, que proporcionou segurança às compras online em geral do site Mercado Livre, inspirou ferramenta semelhante na comercialização de veículos. Webmotors acaba de lançar o Autopago no intuito de aumentar confiança nas transações entre quem vende e quem compra, além de evitar fraudes. Algo burocrático (cinco etapas a vencer), porém seguro.

EMPRESA petrolífera da Malásia, a Petronas, inaugurou na semana passada um centro de pesquisa e tecnologia em sua sede de Contagem (MG). Investimento de R$ 20 milhões, iniciado em 2015, levou três anos para maturar. No Brasil produz lubrificantes para veículos de todos os segmentos e também para uso industrial.

Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e  de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).

Alternativas mais viáveis [Coluna Fernando Calmon]

Mobilidade é o acesso às oportunidades e inclui três grandes parâmetros: tempo, distância e dinheiro. A definição precisa foi um dos destaques da apresentação que a FCA preparou para o dia de abertura do 27º Congresso SAE Brasil, semana passada em São Paulo (SP). Para a entidade de engenheiros especialistas no tema soou como música. Essa é uma forma muito objetiva de se tratar um assunto que domina cabeças pensantes em todo o mundo, incluindo governos, universidades, indústria automobilística e gigantescos conglomerados de TI (Tecnologia da Informação). No total, ao longo de três dias, foram apresentados 116 trabalhos técnicos de profissionais do setor e acadêmicos.

Um dos maiores problemas das cidades brasileiras é que elas crescem de forma espraiada e sem planejamento. Ao contrário do senso comum, é mais fácil administrar os deslocamentos em cidades de alta densidade populacional. Londres tem 12.300 habitantes/km², Paris nada menos de 21.000 e São Paulo, 7.300, apesar de seus 11 milhões de habitantes apenas no município (20 milhões na área metropolitana). Aquela concentração permite diluir os altíssimos custos de construção de metrô para citar apenas o mais eficiente dos meios de transporte urbano.

O painel dos engenheiros-chefes, destaque do segundo dia, mostrou ao observador mais atento que as alternativas elétricas a bateria podem alcançar alguma viabilidade em países de alto poder aquisitivo, com governos bancando subsídios (não eternos) e prazos otimistas. Há também o caso particular da China, onde o nível de poluição nas grandes cidades é assustador, além de a frota circulante crescer sem parar. Lá, ordens têm que ser cumpridas de cima para baixo sem muita discussão. Algo como é isso ou isso mesmo.

No caso do Brasil, o consenso entre os palestrantes apontou a utilização do etanol como solução mais adequada do ponto de vista de custos do que as opções ainda muito caras de eletrificação pura. As dimensões continentais do País são outro obstáculo para se construir infraestrutura de recarga. Híbridos com motores flex são uma opção mais barata, entregam substancial economia de combustíveis e baixíssimos níveis de CO2. Outros países não têm acesso ao clima, extensão territorial e área agricultável para produzir etanol de cana.

Na exposição simultânea ao Congresso SAE as novidades cobriam leque amplo de interesse. A Bosch apresentou um sistema de jato de água integrado ao braço do limpador de para-brisa que permite limpeza uniforme, sem dispersão mesmo em velocidades altas. Já usado no passado, agora ficou mais eficiente. Permite aquecimento da água em climas frios, embora exija projeto específico por não ser adaptável a veículo existente. 
Também estava lá protótipo de uma roda flexível desenvolvida em conjunto entre a brasileira Maxion e a francesa Michelin para enfrentar buracos e absorver impactos, garantindo maior conforto de rodagem. Ainda não há prazo de estreia, nem estimativa de preço. Outra empresa nacional, a Sabó, demonstrou o sistema de impressão digital para prototipagem alinhado às melhores práticas mundiais.  
ALTA RODA


MERCADO de veículos novos (248.623 unidades) surpreendeu em agosto a ponto de a Anfavea admitir revisão para cima, no próximo mês, de sua previsão do início do ano de crescimento de 11,9% sobre 2017. Estoques totais em agosto subiram para 34 dias, contra 30 em julho. Além de se manter dentro de limites normais, este mês para compensar terá menos dias úteis de produção.

NEM TUDO são flores. Forte queda de exportações para a Argentina afetará o nível de produção em 2018. Outros destinos no exterior dificilmente poderão compensar a crise no país vizinho, apesar de forte aumento de participação dos veículos brasileiros no Chile, mercado totalmente aberto ao mundo. Esse cenário poderá arrefecer o alto ritmo das linhas de montagem em 2019.

VALORIZAÇÃO do dólar – de R$ 1,67, em 2011 a R$ 4,15, quase 150% – tem sido forte obstáculo para os carros importados. Abeifa, associação do setor, estimava vendas de cerca de 40.000 unidades em 2018. Mas o balanço até agosto último indica que será difícil alcançar tal volume. Ainda assim crescimento de 32% sobre igual período de 2017 está acima dos 15% da média do mercado.

BRAZIL CLASSICS SHOW, mais importante exposição de antigomobilismo do País, em Araxá (MG), este ano teve o apoio da Renault que comemora 120 anos de fundação e 20 anos da fábrica brasileira. Sempre aguardado Melhor do Show, nesta 23ª edição, coube ao Packard Roadster 1931 (8-em linha, 6.309 cm³ e 120 hp), de José Luiz Gandini, importador oficial Kia Motors.

MICHELIN importou para demonstrações em algumas faculdades do País um simulador de capotagem. O público-alvo principal são motoristas mais jovens para que possam avaliar a sensação de um acidente dos mais graves. Faz parte de seu programa Best Driver e um esforço da companhia em prol da segurança viária na Semana Nacional do Trânsito (18 a 25 deste mês).
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e  de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).

Alternativas mais viáveis [Coluna Fernando Calmon]

Mobilidade é o acesso às oportunidades e inclui três grandes parâmetros: tempo, distância e dinheiro. A definição precisa foi um dos destaques da apresentação que a FCA preparou para o dia de abertura do 27º Congresso SAE Brasil, semana passada em São Paulo (SP). Para a entidade de engenheiros especialistas no tema soou como música. Essa é uma forma muito objetiva de se tratar um assunto que domina cabeças pensantes em todo o mundo, incluindo governos, universidades, indústria automobilística e gigantescos conglomerados de TI (Tecnologia da Informação). No total, ao longo de três dias, foram apresentados 116 trabalhos técnicos de profissionais do setor e acadêmicos.

Um dos maiores problemas das cidades brasileiras é que elas crescem de forma espraiada e sem planejamento. Ao contrário do senso comum, é mais fácil administrar os deslocamentos em cidades de alta densidade populacional. Londres tem 12.300 habitantes/km², Paris nada menos de 21.000 e São Paulo, 7.300, apesar de seus 11 milhões de habitantes apenas no município (20 milhões na área metropolitana). Aquela concentração permite diluir os altíssimos custos de construção de metrô para citar apenas o mais eficiente dos meios de transporte urbano.

O painel dos engenheiros-chefes, destaque do segundo dia, mostrou ao observador mais atento que as alternativas elétricas a bateria podem alcançar alguma viabilidade em países de alto poder aquisitivo, com governos bancando subsídios (não eternos) e prazos otimistas. Há também o caso particular da China, onde o nível de poluição nas grandes cidades é assustador, além de a frota circulante crescer sem parar. Lá, ordens têm que ser cumpridas de cima para baixo sem muita discussão. Algo como é isso ou isso mesmo.

No caso do Brasil, o consenso entre os palestrantes apontou a utilização do etanol como solução mais adequada do ponto de vista de custos do que as opções ainda muito caras de eletrificação pura. As dimensões continentais do País são outro obstáculo para se construir infraestrutura de recarga. Híbridos com motores flex são uma opção mais barata, entregam substancial economia de combustíveis e baixíssimos níveis de CO2. Outros países não têm acesso ao clima, extensão territorial e área agricultável para produzir etanol de cana.

Na exposição simultânea ao Congresso SAE as novidades cobriam leque amplo de interesse. A Bosch apresentou um sistema de jato de água integrado ao braço do limpador de para-brisa que permite limpeza uniforme, sem dispersão mesmo em velocidades altas. Já usado no passado, agora ficou mais eficiente. Permite aquecimento da água em climas frios, embora exija projeto específico por não ser adaptável a veículo existente. 
Também estava lá protótipo de uma roda flexível desenvolvida em conjunto entre a brasileira Maxion e a francesa Michelin para enfrentar buracos e absorver impactos, garantindo maior conforto de rodagem. Ainda não há prazo de estreia, nem estimativa de preço. Outra empresa nacional, a Sabó, demonstrou o sistema de impressão digital para prototipagem alinhado às melhores práticas mundiais.  
ALTA RODA


MERCADO de veículos novos (248.623 unidades) surpreendeu em agosto a ponto de a Anfavea admitir revisão para cima, no próximo mês, de sua previsão do início do ano de crescimento de 11,9% sobre 2017. Estoques totais em agosto subiram para 34 dias, contra 30 em julho. Além de se manter dentro de limites normais, este mês para compensar terá menos dias úteis de produção.

NEM TUDO são flores. Forte queda de exportações para a Argentina afetará o nível de produção em 2018. Outros destinos no exterior dificilmente poderão compensar a crise no país vizinho, apesar de forte aumento de participação dos veículos brasileiros no Chile, mercado totalmente aberto ao mundo. Esse cenário poderá arrefecer o alto ritmo das linhas de montagem em 2019.

VALORIZAÇÃO do dólar – de R$ 1,67, em 2011 a R$ 4,15, quase 150% – tem sido forte obstáculo para os carros importados. Abeifa, associação do setor, estimava vendas de cerca de 40.000 unidades em 2018. Mas o balanço até agosto último indica que será difícil alcançar tal volume. Ainda assim crescimento de 32% sobre igual período de 2017 está acima dos 15% da média do mercado.

BRAZIL CLASSICS SHOW, mais importante exposição de antigomobilismo do País, em Araxá (MG), este ano teve o apoio da Renault que comemora 120 anos de fundação e 20 anos da fábrica brasileira. Sempre aguardado Melhor do Show, nesta 23ª edição, coube ao Packard Roadster 1931 (8-em linha, 6.309 cm³ e 120 hp), de José Luiz Gandini, importador oficial Kia Motors.

MICHELIN importou para demonstrações em algumas faculdades do País um simulador de capotagem. O público-alvo principal são motoristas mais jovens para que possam avaliar a sensação de um acidente dos mais graves. Faz parte de seu programa Best Driver e um esforço da companhia em prol da segurança viária na Semana Nacional do Trânsito (18 a 25 deste mês).
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e  de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).

Da teoria à prática [Coluna Fernando Calmon]

Agosto não costuma ser mês de desgosto em termos de vendas de veículos, entre outras razões por ter maior número de dias úteis. Julho e dezembro são os outros historicamente bons. Mas o comportamento do mercado superou o esperado. No acumulado dos oito primeiros meses, em relação ao mesmo período de 2017, o crescimento chegou a quase 15%. Especificamente no segmento de automóveis e comerciais leves, que representam 94% do total, o salto foi de 14,1%. O resultado geral, incluídos caminhões e ônibus, foi o melhor desde janeiro de 2015.

Os próximos meses, no entanto, terão de ser comparados com 2017, quando houve forte recuperação sobre o ano desastroso de 2016. É possível, portanto, que o crescimento anual do mercado não alcance 14%, porém poderá chegar bem perto disso. Em um ano marcado pela longa greve de 11 dias no transporte rodoviário e as incertezas do jogo político das eleições, que cortaram as expectativas de crescimento econômico, pode-se antever que a indústria automobilística, sozinha, será responsável por cerca de metade da elevação do PIB em 2018 estimada em 1,5%.

As atenções já se voltam para o próximo ano. Sem saber quem de fato vai vencer a corrida presidencial, o perfil do novo Congresso e os rumos da economia brasileira, é difícil estimar como as vendas de veículos se comportarão. Na semana passada, Automotive Business organizou o Workshop Planejamento Automotivo 2019, em São Paulo (SP). Embora um novo crescimento porcentual de dois dígitos no mercado de veículos pareça praticamente certo, poucos ainda verbalizam essa previsão.

No entanto, Flavio Del Soldato, do Sindipeças espera que em 2023 a produção da indústria automobilística (mercados interno e externo) atingirá 3,7 milhões de veículos, ou seja, o mesmo volume de 2013. Como esta coluna já havia comentado, o quarto ciclo de depressão em mais de meio século do setor se encerraria em uma década. O que se espera depois é um processo de aceleração, em ritmo autossustentável, em torno de 5% ao ano.

Em curto prazo, produtos demandados pelos compradores continuarão a sofrer mutações. Pablo Di Si, presidente da Volkswagen, estima que 27% das vendas, já em 2020, serão de SUVs contra 22% atualmente. Embora ele não tenha comentado, nesse percentual estão incluídos os “aventureiros”, segmento também conhecido como pseudoSUV. Di Si limitou-se a confirmar que terá cinco destes modelos até 2020/2021. Esperam-se, na ordem: os nacionais T-Cross e T-Track (nome em estudo), o argentino Tarek e dois americanos que seriam a nova geração do Atlas e seu derivado Cross Sport de perfil mais baixo.

Outro palestrante, Regis Nieto, da consultoria BCG, afirmou que as grandes mudanças em curso no exterior também se aplicam aqui com as devidas adaptações. Segundo ele, não se deve esperar que todas as decisões venham somente das matrizes. O consumidor demandará novos serviços de mobilidade e quem oferecer as soluções certas obterá grandes resultados.

Talvez Nieto esteja certo. Mas com tantos desafios simultâneos e dependentes do País entrar nos eixos, passar da teoria à prática não será nada fácil.

ALTA RODA

MEDIÇÕES de consumo e emissões em laboratório devem ser referenciadas no uso em ruas e estradas, a partir deste mês na União Europeia. Processo homologatório longo, porém necessário. Antigo padrão NEDC, de 1991, agora é WLTP. Para se ter ideia, um carro elétrico com 560 km de autonomia (NEDC), registra 420 km no WLTP e apenas 385 km no EPA, método usado nos EUA e no Brasil.

FORMA de dirigir ainda é o melhor aliado para economizar combustível. Muitas vezes mudanças de hábitos trazem resultados surpreendentes. Renault diz que mesmo em modelos econômicos, como o Kwid, é possível obter redução de até 20% no consumo. Pode ser checado em relatórios na central multimídia por meio dos programas Eco Scoring e Eco Coaching.

KA SEDÃ melhorou bastante em termos de dirigibilidade graças a reforços estruturais e suspensão revista. Recebe agora o motor de 1,5 L, três-cilindros e 136 cv, o melhor do mercado entre os de aspiração natural. Forma um conjunto eficiente com câmbio automático de seis marchas. Outro acerto: duas entradas USB (iluminadas) de alta intensidade (2,5 A) e nicho para celular. Regulagem elétrica dos espelhos é incômoda.

CAOA CHERY confirmou cronograma para três produtos novos. O sedã Arrizo 5, a ser produzido em Jacareí (SP), estará à venda no final de outubro com dimensões semelhantes às do VW Virtus. Dois novos SUVs serão fabricados em Anápolis (GO), dividindo a mesma arquitetura. Tiggo 4 chega às lojas em dezembro e o Tiggo 7, em janeiro de 2019.

BORGWARNER acredita que sistemas de 48 V permitirão grandes avanços em hibridização e motores a combustão bem mais econômicos. Empresa trabalha com projeções da consultoria IHS, menos otimistas que os governos. Em 2028, 35% a 40% de veículos leves novos, no mundo, seriam híbridos e apenas 6%, elétricos. Assim, deve-se pensar mais e delirar menos.

Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e  de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).

Da teoria à prática [Coluna Fernando Calmon]

Agosto não costuma ser mês de desgosto em termos de vendas de veículos, entre outras razões por ter maior número de dias úteis. Julho e dezembro são os outros historicamente bons. Mas o comportamento do mercado superou o esperado. No acumulado dos oito primeiros meses, em relação ao mesmo período de 2017, o crescimento chegou a quase 15%. Especificamente no segmento de automóveis e comerciais leves, que representam 94% do total, o salto foi de 14,1%. O resultado geral, incluídos caminhões e ônibus, foi o melhor desde janeiro de 2015.

Os próximos meses, no entanto, terão de ser comparados com 2017, quando houve forte recuperação sobre o ano desastroso de 2016. É possível, portanto, que o crescimento anual do mercado não alcance 14%, porém poderá chegar bem perto disso. Em um ano marcado pela longa greve de 11 dias no transporte rodoviário e as incertezas do jogo político das eleições, que cortaram as expectativas de crescimento econômico, pode-se antever que a indústria automobilística, sozinha, será responsável por cerca de metade da elevação do PIB em 2018 estimada em 1,5%.

As atenções já se voltam para o próximo ano. Sem saber quem de fato vai vencer a corrida presidencial, o perfil do novo Congresso e os rumos da economia brasileira, é difícil estimar como as vendas de veículos se comportarão. Na semana passada, Automotive Business organizou o Workshop Planejamento Automotivo 2019, em São Paulo (SP). Embora um novo crescimento porcentual de dois dígitos no mercado de veículos pareça praticamente certo, poucos ainda verbalizam essa previsão.

No entanto, Flavio Del Soldato, do Sindipeças espera que em 2023 a produção da indústria automobilística (mercados interno e externo) atingirá 3,7 milhões de veículos, ou seja, o mesmo volume de 2013. Como esta coluna já havia comentado, o quarto ciclo de depressão em mais de meio século do setor se encerraria em uma década. O que se espera depois é um processo de aceleração, em ritmo autossustentável, em torno de 5% ao ano.

Em curto prazo, produtos demandados pelos compradores continuarão a sofrer mutações. Pablo Di Si, presidente da Volkswagen, estima que 27% das vendas, já em 2020, serão de SUVs contra 22% atualmente. Embora ele não tenha comentado, nesse percentual estão incluídos os “aventureiros”, segmento também conhecido como pseudoSUV. Di Si limitou-se a confirmar que terá cinco destes modelos até 2020/2021. Esperam-se, na ordem: os nacionais T-Cross e T-Track (nome em estudo), o argentino Tarek e dois americanos que seriam a nova geração do Atlas e seu derivado Cross Sport de perfil mais baixo.

Outro palestrante, Regis Nieto, da consultoria BCG, afirmou que as grandes mudanças em curso no exterior também se aplicam aqui com as devidas adaptações. Segundo ele, não se deve esperar que todas as decisões venham somente das matrizes. O consumidor demandará novos serviços de mobilidade e quem oferecer as soluções certas obterá grandes resultados.

Talvez Nieto esteja certo. Mas com tantos desafios simultâneos e dependentes do País entrar nos eixos, passar da teoria à prática não será nada fácil.

ALTA RODA

MEDIÇÕES de consumo e emissões em laboratório devem ser referenciadas no uso em ruas e estradas, a partir deste mês na União Europeia. Processo homologatório longo, porém necessário. Antigo padrão NEDC, de 1991, agora é WLTP. Para se ter ideia, um carro elétrico com 560 km de autonomia (NEDC), registra 420 km no WLTP e apenas 385 km no EPA, método usado nos EUA e no Brasil.

FORMA de dirigir ainda é o melhor aliado para economizar combustível. Muitas vezes mudanças de hábitos trazem resultados surpreendentes. Renault diz que mesmo em modelos econômicos, como o Kwid, é possível obter redução de até 20% no consumo. Pode ser checado em relatórios na central multimídia por meio dos programas Eco Scoring e Eco Coaching.

KA SEDÃ melhorou bastante em termos de dirigibilidade graças a reforços estruturais e suspensão revista. Recebe agora o motor de 1,5 L, três-cilindros e 136 cv, o melhor do mercado entre os de aspiração natural. Forma um conjunto eficiente com câmbio automático de seis marchas. Outro acerto: duas entradas USB (iluminadas) de alta intensidade (2,5 A) e nicho para celular. Regulagem elétrica dos espelhos é incômoda.

CAOA CHERY confirmou cronograma para três produtos novos. O sedã Arrizo 5, a ser produzido em Jacareí (SP), estará à venda no final de outubro com dimensões semelhantes às do VW Virtus. Dois novos SUVs serão fabricados em Anápolis (GO), dividindo a mesma arquitetura. Tiggo 4 chega às lojas em dezembro e o Tiggo 7, em janeiro de 2019.

BORGWARNER acredita que sistemas de 48 V permitirão grandes avanços em hibridização e motores a combustão bem mais econômicos. Empresa trabalha com projeções da consultoria IHS, menos otimistas que os governos. Em 2028, 35% a 40% de veículos leves novos, no mundo, seriam híbridos e apenas 6%, elétricos. Assim, deve-se pensar mais e delirar menos.

Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e  de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).

C4 Cactus espeta concorrentes [Coluna Fernando Calmon]

Se o mercado de SUVs continua a crescer bastante no Brasil, há razões para apostar em avanços ainda maiores. Entre os de produção nacional o Citroën C4 Cactus, que começa a ser vendido esta semana, demonstra que novas tecnologias também ganham relevância nesse tipo de veículo.

O modelo, de forma clara, demonstra dupla personalidade. Na Europa tem o mesmo nome, mas lá se apresenta como um hatch sucessor do C4. Aqui, o visual muda e não se restringe às barras de teto com um criativo desenho “flutuante”. Vão livre do solo de nada menos 22,5 cm, além de ângulos de ataque (22 graus) e de saída (32 graus), permitem enfrentar traiçoeiras lombadas, valetas e buracos que infestam cidades e até estradas por todo o País.

Seu estilo moderno, mais típico de um crossover, agrada por proporções compactas – apenas 4,17 m de comprimento – que, no entanto, limitam o volume do porta-malas a 320 litros. Por outro lado, 2,60 m de entre-eixos e 1,71 m de largura garantem habitáculo confortável, incluindo bancos dianteiros bem dimensionados e amplo espaço para joelhos atrás. Forro do teto tem leve concavidade dupla (na frente e atrás). Assim, nenhum ocupante raspa a cabeça, embora falte opção de teto solar.

A marca francesa montou um bom pacote de opções de segurança nas versões mais caras: alertas de atenção ao condutor, de saída de faixa, de colisão (detecta veículos e pedestres) e de frenagem automática, além de seis airbags.



O interior tem detalhes de acabamento interessantes. Mescla materiais agradáveis ao toque, apliques de tecido e plástico preto brilhante. Quadro de instrumentos é digital (idêntico ao do C4 Lounge). Até o volante de base achatada e parte superior levemente reta denota cuidados do projeto. Falta queda amortecida da tampa do porta-luvas.



Dois motores estão disponíveis: 1,6 L aspirado, de 118 cv (câmbio automático, seis marchas) e 122 cv (manual); 1,6 L turbo de 173 cv/etanol (apenas automático). Este último, o mais potente do segmento, muda por completo o temperamento do carro, inclusive por fazê-lo acelerar de 0 a 100 km/h em apenas 7,3 s, acompanhado por um som grave, algo exagerado com o motor em carga.


Um dos pontos altos é o acerto de suspensões, o melhor entre quase uma dezena de concorrentes diretos. Direção precisa e freios a disco nas quatro rodas, outros destaques. Desempenha bem no uso em caminhos sem pavimentação que dispensem sistema 4×4, ajudado pelo controle de tração mais apurado (Grip Control) herdado do Peugeot 2008.

Preços são bastante competitivos: vão de R$ 68.990 a 98.990, em três níveis de acabamento. A marca decidiu valorizar seus modelos usados na troca pelo C4 Cactus e investir em assistência técnica desde carro-reserva para consertos acima de quatro dias ou mimos simples como checar pneus, fazer rodízio e completar níveis de água e óleo sem cobrar.

Para Ana Theresa Borsari, diretora geral do Grupo PSA, a rede de concessionárias Citroën será pró-ativa na venda de revisões a preço fixo até mesmo fora do período de garantia. “O serviço pré-pago tem crescido muito na Europa e pode se expandir também aqui. É o conhecido ‘tudo-incluído’, conceito surgido na hospedagem”, completa.

ALTA RODA

FORD pretende uma gradual eliminação de hatches e sedãs para se concentrar em picapes e SUVs especificamente na América do Norte. Surgem especulações sobre uma picape menor que a Ranger. Teria como base o Focus. Até mesmo a Hyundai já admite oferecer uma picape média no mercado americano em 2021. E por que não fabricá-la também na Argentina?

TENDÊNCIA no mercado brasileiro de aumentar oferta de SUVs com três fileiras de bancos. FCA, por exemplo, terá versões Jeep e Fiat para até sete lugares dentro de dois anos. Nos EUA, onde 40% de todos os veículos leves hoje à venda são SUVs de diferentes portes e usos, a versão de três fileiras do Jeep Cherokee representa nada menos de 60% das preferências.

BRASIL e Argentina resolveram acertar os ponteiros para criar veículos harmonizados aos dois países. Acordo assinado agora em Brasília prevê normais iguais para itens de segurança, eficiência energética, emissões e normatização de autopeças. Resultados não serão imediatos, mas nada impede que fabricantes se adaptem antes com mudanças possíveis.

GOL vai bem com o novo câmbio automático de seis marchas. Forma um conjunto bastante saudável combinado ao motor de 1,6 L e 16v (120 cv/etanol), sem hesitações e aceleração progressiva. Suspensão firme e robusta não mudou. Nova frente (já utilizada na Saveiro) ajuda no visual. Faz falta a direção de assistência elétrica: a hidráulica tem limitações.

DURANTE o inverno vale a dica de utilizar o aquecimento no lugar do ar-condicionado para elevar mais rápido a temperatura do habitáculo. Ainda assim, é melhor não se esquecer de ligar pelo menos uma vez por semana, no mínimo por 10 minutos, o ar-condicionado. Seus circuitos internos precisam de lubrificação para garantir durabilidade ao sistema.

Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e  de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).

C4 Cactus espeta concorrentes [Coluna Fernando Calmon]

Se o mercado de SUVs continua a crescer bastante no Brasil, há razões para apostar em avanços ainda maiores. Entre os de produção nacional o Citroën C4 Cactus, que começa a ser vendido esta semana, demonstra que novas tecnologias também ganham relevância nesse tipo de veículo.

O modelo, de forma clara, demonstra dupla personalidade. Na Europa tem o mesmo nome, mas lá se apresenta como um hatch sucessor do C4. Aqui, o visual muda e não se restringe às barras de teto com um criativo desenho “flutuante”. Vão livre do solo de nada menos 22,5 cm, além de ângulos de ataque (22 graus) e de saída (32 graus), permitem enfrentar traiçoeiras lombadas, valetas e buracos que infestam cidades e até estradas por todo o País.

Seu estilo moderno, mais típico de um crossover, agrada por proporções compactas – apenas 4,17 m de comprimento – que, no entanto, limitam o volume do porta-malas a 320 litros. Por outro lado, 2,60 m de entre-eixos e 1,71 m de largura garantem habitáculo confortável, incluindo bancos dianteiros bem dimensionados e amplo espaço para joelhos atrás. Forro do teto tem leve concavidade dupla (na frente e atrás). Assim, nenhum ocupante raspa a cabeça, embora falte opção de teto solar.

A marca francesa montou um bom pacote de opções de segurança nas versões mais caras: alertas de atenção ao condutor, de saída de faixa, de colisão (detecta veículos e pedestres) e de frenagem automática, além de seis airbags.



O interior tem detalhes de acabamento interessantes. Mescla materiais agradáveis ao toque, apliques de tecido e plástico preto brilhante. Quadro de instrumentos é digital (idêntico ao do C4 Lounge). Até o volante de base achatada e parte superior levemente reta denota cuidados do projeto. Falta queda amortecida da tampa do porta-luvas.



Dois motores estão disponíveis: 1,6 L aspirado, de 118 cv (câmbio automático, seis marchas) e 122 cv (manual); 1,6 L turbo de 173 cv/etanol (apenas automático). Este último, o mais potente do segmento, muda por completo o temperamento do carro, inclusive por fazê-lo acelerar de 0 a 100 km/h em apenas 7,3 s, acompanhado por um som grave, algo exagerado com o motor em carga.


Um dos pontos altos é o acerto de suspensões, o melhor entre quase uma dezena de concorrentes diretos. Direção precisa e freios a disco nas quatro rodas, outros destaques. Desempenha bem no uso em caminhos sem pavimentação que dispensem sistema 4×4, ajudado pelo controle de tração mais apurado (Grip Control) herdado do Peugeot 2008.

Preços são bastante competitivos: vão de R$ 68.990 a 98.990, em três níveis de acabamento. A marca decidiu valorizar seus modelos usados na troca pelo C4 Cactus e investir em assistência técnica desde carro-reserva para consertos acima de quatro dias ou mimos simples como checar pneus, fazer rodízio e completar níveis de água e óleo sem cobrar.

Para Ana Theresa Borsari, diretora geral do Grupo PSA, a rede de concessionárias Citroën será pró-ativa na venda de revisões a preço fixo até mesmo fora do período de garantia. “O serviço pré-pago tem crescido muito na Europa e pode se expandir também aqui. É o conhecido ‘tudo-incluído’, conceito surgido na hospedagem”, completa.

ALTA RODA

FORD pretende uma gradual eliminação de hatches e sedãs para se concentrar em picapes e SUVs especificamente na América do Norte. Surgem especulações sobre uma picape menor que a Ranger. Teria como base o Focus. Até mesmo a Hyundai já admite oferecer uma picape média no mercado americano em 2021. E por que não fabricá-la também na Argentina?

TENDÊNCIA no mercado brasileiro de aumentar oferta de SUVs com três fileiras de bancos. FCA, por exemplo, terá versões Jeep e Fiat para até sete lugares dentro de dois anos. Nos EUA, onde 40% de todos os veículos leves hoje à venda são SUVs de diferentes portes e usos, a versão de três fileiras do Jeep Cherokee representa nada menos de 60% das preferências.

BRASIL e Argentina resolveram acertar os ponteiros para criar veículos harmonizados aos dois países. Acordo assinado agora em Brasília prevê normais iguais para itens de segurança, eficiência energética, emissões e normatização de autopeças. Resultados não serão imediatos, mas nada impede que fabricantes se adaptem antes com mudanças possíveis.

GOL vai bem com o novo câmbio automático de seis marchas. Forma um conjunto bastante saudável combinado ao motor de 1,6 L e 16v (120 cv/etanol), sem hesitações e aceleração progressiva. Suspensão firme e robusta não mudou. Nova frente (já utilizada na Saveiro) ajuda no visual. Faz falta a direção de assistência elétrica: a hidráulica tem limitações.

DURANTE o inverno vale a dica de utilizar o aquecimento no lugar do ar-condicionado para elevar mais rápido a temperatura do habitáculo. Ainda assim, é melhor não se esquecer de ligar pelo menos uma vez por semana, no mínimo por 10 minutos, o ar-condicionado. Seus circuitos internos precisam de lubrificação para garantir durabilidade ao sistema.

Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e  de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).

Idas e vindas, sem razões [Alta Roda]

Uma das trapalhadas que o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) e o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) protagonizaram nos últimos anos vem da exigência de nova placa de identificação de veículos, a fim de seguir um novo padrão chamado Mercosul. A iniciativa apresenta razões técnicas, pois o atual sistema de três letras e quatro dígitos tem limitação de combinações.

O utilizado há décadas no Brasil já nasceu errado. Deveria, como proposto atualmente, estabelecer quatro letras (26, no alfabeto de português) e três dígitos. O número de combinações possíveis é muito maior do que o atual de três letras e quatro dígitos.
Em 2014 se propôs o novo padrão, já implantado na Argentina e Uruguai no ano passado. Aqui sofreu sucessivos adiamentos entre outras razões porque o custo iria subir e o cronograma original obrigava todos os 43 milhões de automóveis e veículos comerciais (picapes, caminhões e ônibus) e 13 milhões de motos em circulação a uma substituição acelerada. Agora, apenas veículos zero-km receberão obrigatoriamente o novo padrão e, para os demais, a iniciativa é voluntária.
A última data anunciada é 1º de setembro próximo. Mas deverá sofrer novo adiamento porque se questiona no Tribunal de Contas da União (TCU) a necessidade de um penduricalho ausente na proposta original. Trata-se de acrescentar um brasão do município (nada menos de 5.570 deles, hoje) onde o veículo foi registrado. Assim haveria necessidade de comprar uma nova placa completa (agora, só uma plaqueta) em caso de transferência de cidade apenas por esse pormenor totalmente irrelevante. Além disso, fugiria do padrão Mercosul, sem motivo.
O Detran estima que o custo do brasão não é alto, mas ele existe. Tudo indica que ocorrerá novo adiamento, inclusive por outros questionamentos. O Observatório Nacional de Segurança Viária oficiou ao TCU com três sugestões sobre especificações técnicas:
  • 1. Garantia mínima de “brilho” (retrorrefletividade), igual ao atual, para melhor visibilidade noturna, possível diminuição de colisões traseiras e ainda dificultar clonagens.
  • 2. Garantia mínima de “legibilidade” (luminância) para efeitos de fiscalização.
  • 3. Garantia de 100% das placas com chip. Prepararia o país para uma malha viária bem monitorada em termos de segurança viária e/ou pública.

Outra ideia do Denatran, que parece pura demagogia, é a proposta recente de uma CNH (Carteira Nacional de Habilitação) emitida uma única vez. Exames médicos seriam feitos nos prazos regulamentares e registrados eletronicamente. Exatamente o oposto do anunciado antes, que previa uma série de exigências descabidas.
As renovações, caso bem estudadas, poderiam se transformar em algo educativo. Testes rápidos de múltipla escolha, sem efeitos de suspender a habilitação, poderiam ajudar as pessoas a reter melhor as regras de trânsito e induzir conceitos de direção defensiva.
Problema maior foi ter deixado de lado um processo de primeira habilitação, antes longamente estudado e bem mais exigente do que o atual, diminuindo o abismo de deficiências hoje observado. Sem motoristas bem preparados o trânsito é sempre menos seguro.
ALTA RODA

NOVO padrão de emissões e consumo de combustível WLTP (Procedimento Mundial Harmonizado de Teste de Veículos Leves, em inglês) provoca atrasos de lançamentos na Europa. Talvez atinja o T-Cross espanhol previsto para começar produção em dezembro. Versão brasileira começaria em 1º de janeiro (como a Coluna antecipou), mas em consequência pode atrasar.
TERCEIRA geração do Porsche Cayenne deu um salto em dirigibilidade, que já era muito boa. Pode-se guiá-lo quase como um automóvel apesar de seus 2.020 kg de massa (155 kg menos). Diferenças no desenho concentram-se no teto e na traseira. Ficou 1 cm mais baixo, 6 cm mais longo e ganhou 100 litros para bagagem. Bateria convencional substituída por uma de íons de lítio.

OUTRO refino técnico do novo Cayenne: inédito defletor de teto ativo (função também de freio aerodinâmico), pela primeira vez em um SUV. Motores com oferta de potência racional: V-6/monoturbo/340 cv; V-6/biturbo/440 cv e V-8/biturbo/550 cv. Muito interessante: 4D Chassis (ativo) e novo tipo de disco de freio. Acabamento primoroso, como sempre. Preços: R$ 423.000 a 733.000.
POR FALAR em SUV, Peugeot 5008 (versão de sete lugares do 3008) consegue um raro equilíbrio em termos de estilo, apesar de dimensões avantajadas. Bom de guiar, surpreende pelo pequeno diâmetro e forma do volante que dispensa qualquer período de adaptação. Motor 1,6 turbo dá conta do recado muito bem, salvo se estiver com lotação e bagagem completas.
TOYOTA Hilux 2019 segue regra de mudar a cada três anos. Exibe nova frente, mais perceptível em versões intermediária e de topo. Luz de Rodagem Diurna (DRL, em inglês) em todas. Mais equipada, há novos materiais de acabamento interno. A SRX, de topo, tem edição comemorativa dos 50 anos de Hilux, hoje na oitava geração. Preços: R$ 111.990 a 196.990.
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e  de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).

Idas e vindas, sem razões [Alta Roda]

Uma das trapalhadas que o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) e o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) protagonizaram nos últimos anos vem da exigência de nova placa de identificação de veículos, a fim de seguir um novo padrão chamado Mercosul. A iniciativa apresenta razões técnicas, pois o atual sistema de três letras e quatro dígitos tem limitação de combinações.

O utilizado há décadas no Brasil já nasceu errado. Deveria, como proposto atualmente, estabelecer quatro letras (26, no alfabeto de português) e três dígitos. O número de combinações possíveis é muito maior do que o atual de três letras e quatro dígitos.
Em 2014 se propôs o novo padrão, já implantado na Argentina e Uruguai no ano passado. Aqui sofreu sucessivos adiamentos entre outras razões porque o custo iria subir e o cronograma original obrigava todos os 43 milhões de automóveis e veículos comerciais (picapes, caminhões e ônibus) e 13 milhões de motos em circulação a uma substituição acelerada. Agora, apenas veículos zero-km receberão obrigatoriamente o novo padrão e, para os demais, a iniciativa é voluntária.
A última data anunciada é 1º de setembro próximo. Mas deverá sofrer novo adiamento porque se questiona no Tribunal de Contas da União (TCU) a necessidade de um penduricalho ausente na proposta original. Trata-se de acrescentar um brasão do município (nada menos de 5.570 deles, hoje) onde o veículo foi registrado. Assim haveria necessidade de comprar uma nova placa completa (agora, só uma plaqueta) em caso de transferência de cidade apenas por esse pormenor totalmente irrelevante. Além disso, fugiria do padrão Mercosul, sem motivo.
O Detran estima que o custo do brasão não é alto, mas ele existe. Tudo indica que ocorrerá novo adiamento, inclusive por outros questionamentos. O Observatório Nacional de Segurança Viária oficiou ao TCU com três sugestões sobre especificações técnicas:
  • 1. Garantia mínima de “brilho” (retrorrefletividade), igual ao atual, para melhor visibilidade noturna, possível diminuição de colisões traseiras e ainda dificultar clonagens.
  • 2. Garantia mínima de “legibilidade” (luminância) para efeitos de fiscalização.
  • 3. Garantia de 100% das placas com chip. Prepararia o país para uma malha viária bem monitorada em termos de segurança viária e/ou pública.

Outra ideia do Denatran, que parece pura demagogia, é a proposta recente de uma CNH (Carteira Nacional de Habilitação) emitida uma única vez. Exames médicos seriam feitos nos prazos regulamentares e registrados eletronicamente. Exatamente o oposto do anunciado antes, que previa uma série de exigências descabidas.
As renovações, caso bem estudadas, poderiam se transformar em algo educativo. Testes rápidos de múltipla escolha, sem efeitos de suspender a habilitação, poderiam ajudar as pessoas a reter melhor as regras de trânsito e induzir conceitos de direção defensiva.
Problema maior foi ter deixado de lado um processo de primeira habilitação, antes longamente estudado e bem mais exigente do que o atual, diminuindo o abismo de deficiências hoje observado. Sem motoristas bem preparados o trânsito é sempre menos seguro.
ALTA RODA

NOVO padrão de emissões e consumo de combustível WLTP (Procedimento Mundial Harmonizado de Teste de Veículos Leves, em inglês) provoca atrasos de lançamentos na Europa. Talvez atinja o T-Cross espanhol previsto para começar produção em dezembro. Versão brasileira começaria em 1º de janeiro (como a Coluna antecipou), mas em consequência pode atrasar.
TERCEIRA geração do Porsche Cayenne deu um salto em dirigibilidade, que já era muito boa. Pode-se guiá-lo quase como um automóvel apesar de seus 2.020 kg de massa (155 kg menos). Diferenças no desenho concentram-se no teto e na traseira. Ficou 1 cm mais baixo, 6 cm mais longo e ganhou 100 litros para bagagem. Bateria convencional substituída por uma de íons de lítio.

OUTRO refino técnico do novo Cayenne: inédito defletor de teto ativo (função também de freio aerodinâmico), pela primeira vez em um SUV. Motores com oferta de potência racional: V-6/monoturbo/340 cv; V-6/biturbo/440 cv e V-8/biturbo/550 cv. Muito interessante: 4D Chassis (ativo) e novo tipo de disco de freio. Acabamento primoroso, como sempre. Preços: R$ 423.000 a 733.000.
POR FALAR em SUV, Peugeot 5008 (versão de sete lugares do 3008) consegue um raro equilíbrio em termos de estilo, apesar de dimensões avantajadas. Bom de guiar, surpreende pelo pequeno diâmetro e forma do volante que dispensa qualquer período de adaptação. Motor 1,6 turbo dá conta do recado muito bem, salvo se estiver com lotação e bagagem completas.
TOYOTA Hilux 2019 segue regra de mudar a cada três anos. Exibe nova frente, mais perceptível em versões intermediária e de topo. Luz de Rodagem Diurna (DRL, em inglês) em todas. Mais equipada, há novos materiais de acabamento interno. A SRX, de topo, tem edição comemorativa dos 50 anos de Hilux, hoje na oitava geração. Preços: R$ 111.990 a 196.990.
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e  de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).

Reaprender é preciso [Coluna Fernando Calmon]

Relacionamento entre quem compra e vende veículos passa por grande transformação. A transição não será tão rápida, mas há necessidade de manter flexibilidade para evitar que o mundo digital se sobreponha de maneira fria ao contato pessoal. Este foi o lema do 28º Congresso da Fenabrave, realizado ao longo de dois dias em São Paulo (SP), semana passada, tendo como pano de fundo o segundo ano consecutivo de recuperação de vendas.

Duas reivindicações do setor de concessionárias ainda patinam, sai ano, entra ano, e interessam também aos compradores: renovação de frota e inspeção veicular. O País precisaria de recuperação econômica consistente para dar sustentação a esses dois programas. Para complicar o Renave (Registro Nacional de Veículos em Estoque), que traria mais segurança jurídica e menores custos nas transações de carros usados, depende de integração entre todos os Detrans do País. Passados dois anos, ainda patina, como lembrou Alarico Assumpção Jr., presidente da Fenabrave.

Miguel Fonseca, vice-presidente da Toyota, chamou a atenção sobre o avanço do compartilhamento ou cobrança pelo uso. Vão exigir custos maiores de manutenção, pois os veículos deverão rodar até quatro vezes mais do que hoje. Sobre o crescimento avassalador dessa modalidade há dúvidas, já lembradas por essa coluna. No exterior, pesquisas apontam certa insegurança dos usuários sobre a forma como o carro foi guiado ou “abusado” anteriormente. Se o carro é seu, você sabe tratá-lo. Um estranho teria o mesmo cuidado?
De qualquer modo, novas ferramentas de comercialização chegaram para ficar. De acordo com o diretor do Itaú Unibanco, Rodnei Bernardino, o assistente digital apresentado no evento e disponível agora em setembro é um exemplo. “Um robô interage com o cliente por meio de perguntas e respostas. Assim, consegue captar praticamente todos os seus desejos por meio do aplicativo no PC ou smartphone. Da cor do veículo às condições do financiamento, a qualquer hora, nos sete dias da semana. Facilita a vida do comprador e agiliza o trabalho do vendedor na loja”, explica.
Para o CEO da plataforma iCarros, Ricardo Bonzo Filho, nenhum cliente ficará desassistido mesmo quando transações totalmente on line tornarem-se corriqueiras. “O atendimento presencial nunca deverá ser negligenciado”, defende.
As mudanças atingem também quem prefere vender o veículo usado numa transação direta entre particulares, sem participação de lojistas ou concessionárias. A internet abriu novas possibilidades e impressiona o número de sites em que é possível anunciar ou procurar o modelo desejado. Apenas um deles, OLX, que nasceu na Argentina e hoje de propriedade do grupo sul-africano Naspers, afirma ter 20 milhões de usuários por mês no Brasil e responder por mais de 25% do total de carros seminovos e usados comercializados. Tamanha concentração, em poucos anos de atuação, chega a assustar.
O jeito é se render ao pensamento de Alvin Toffler, escritor e futurista americano, falecido há dois anos: “O analfabeto do século XXI não será aquele que não consegue ler e escrever, mas aquele que não consegue aprender, desaprender e reaprender.”
ALTA RODA
AGITAÇÃO nos EUA sobre carros elétricos. Apple contratou ex-engenheiro chefe da Tesla, Doug Field, o que levou a interpretações de volta ao interesse em produzir veículos. Embora a gigante de US$ 1 trilhão nunca tenha anunciado o projeto, continua a investir em tecnologia para autônomos. Quanto à Tesla, fechará seu capital. “Cansou” de expor vexaminosos prejuízos…

ANFAVEA e Secretaria Nacional do Consumidor ampliam o esforço para mais motoristas atenderem às campanhas de revocação (recall) e assim corrigir itens de segurança defeituosos. Índice atual é inferior a 50%, na média, e em alguns casos, abaixo de 40%. No site da entidade agora há um link para dados específicos e atualizados: www.anfavea.com.br/recall.html.

SEGUNDA geração de lâmpadas em LED da Philips abrange 80% da frota e sua durabilidade é quatro vezes superior às halógenas convencionais. Capacidade de iluminação é quase três vezes maior com um facho branco que descansa a vista. Custa aproximadamente o quádruplo de uma lâmpada convencional. Deve-se registrar a modificação no Detran.

MAIOR fabricante de rodas de aço e de liga leve do mundo é uma empresa multinacional brasileira. Iochpe-Maxion completa um século de fundação em novembro próximo. Empresa de origem gaúcha diversificou sua atuação ao longo do tempo, até se concentrar em rodas (adquiriu marcas consagradas no exterior), que representam 80%. Chassis e longarinas são 20%. 
DIVERSIFICAR também é estratégico na Cummins, fabricante de motores pesados e geradores. Sabe-se que veículos comerciais serão os últimos a migrar para a eletrificação, embora ônibus e caminhões urbanos tendam a ser elétricos. Investe ainda em gás natural (transforma ciclo Diesel em ciclo Otto), biocombustíveis e produção de baterias. Marca americana completa 100 anos em 2019.

Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e  de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).

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