NA TELONA

baleRIO (verão é quando mesmo?) – Informa o Sandro Macedo que no ano que vem chega aos cinemas “Ford x Ferrari”, filme que conta a história da épica edição de 1966 das 24 Horas de Le Mans. A corrida era uma questão de honra para Henry Ford II, que queria bater a Ferrari em Sarthe depois de frustrada sua tentativa de compra da fábrica italiana.

Designado para ajudar a desenvolver o carro, Ken Miles, piloto inglês que ajudara a fazer do Shelby Cobra uma lenda, foi escalado para um dos oito Ford GT40 inscritos para Le Mans. Será vivido por Christian Bale no cinema (foto à direita).

É bom lembrar que em 1964 e 1965 a montadora de Detroit fracassou na prova, e por isso Carrol Shelby assumiu o projeto. A dupla de Miles num dos carros que competiam pela Shelby seria formada com Denny Hulme. O britânico, meses antes, havia vencido em Daytona e Sebring correndo em parceria com Lloyd Ruby. A chance de uma Tríplice Coroa era real para Miles.

A superioridade do GT40 em Le Mans foi tão grande que, por ordem de Henry Ford, os três primeiros teriam de receber a quadriculada juntos para mostrar ao mundo que era possível entubar a turma de Maranello e seus narizes italianos empinados. Foram horas de discussões nos boxes, lideradas pessoalmente pelo dono da companhia. Mas os organizadores da corrida avisaram: não há empate em Le Mans. Henry Ford não quis nem saber. Ordenou a Shelby que mandasse seus pilotos diminuírem o ritmo para chegarem juntos. Miles, ao assumir o último stint, ficou puto. Isso porque a dupla Bruce McLaren/Chris Amon, no outro carro da Shelby, tinha perdido tempo demais na prova por insistir em usar pneus Firestone — tinham de usá-los por contrato — que não funcionavam no piso molhado. Acabaram fechando a corrida com Goodyear.

Mesmo assim, Miles obedeceu. E, de fato, os dois carros da equipe Shelby receberam a bandeirada lado a lado, o #1 de Miles/Hulme e o #2 de McLaren/Amon — um pouco mais atrás, sem se meter na briga, chegou o #5 dos americanos Ronnie Bucknum e Dick Hutcherson, da equipe Holman & Moody.

Como haviam advertido os organizadores, não há empate em Le Mans. E por ter largado um pouco atrás no grid, o #2 de McLaren e Amon foi declarado vencedor. Afinal, percorreram oito metros a mais que o #1 de Miles/Hulme (o pequeno documentário abaixo relata a história). Miles quase morreu de desgosto.

Em agosto daquele ano, o britânico sofreria um acidente fatal em testes em Riverside, aos 47 anos. Sua morte se transformou em outra lenda, e até alguns anos atrás tinha gente que garantia que ele tinha sobrevivido e vivia num ônibus escolar abandonado em Wisconsin — lembram da história de que Colin Chapman não tinha morrido e morava em Mato Grosso? Isso porque a Ford teria dado a ele alguns milhões de dólares para “desaparecer” e não denunciar alguma eventual falha de projeto do protótipo que estava testando na Califórnia. Adoro esses mistérios.

Esse filme tem tudo para entrar na lista dos clássicos sobre corridas, como “Grand Prix”, “Le Mans” (com Steve McQueen) e o mais recente “Rush”. Esperamos ansiosos.



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